Descoberto na França, o instrumento toca três notas e é uma das mais antigas evidências musicais da história!
Joana Freitas, arqueóloga Publicado em 11/02/2021, às 09h53
A concha de búzio da espécie "Charonia lampas", foi descoberta em 1931 na primeira caverna decorada com pinturas rupestres encontrada nos Pirenéus, Carverna de Marsoulas. O seu tamanho é impressionante: supera o de uma cabeça humana.
A importância no momento da descoberta foi praticamente nula e passou despercebida até ao estudo publicado na última quarta-feira, 10, no boletim científico Science Advances.
Neste artigo o item é classificado como o mais antigo instrumento de sopro do seu tipo.
Listen to the sound of this ancient seashell found in a cave, a 17,000-year-old musical instrument.
— M.P. (@OmanReagan) February 10, 2021
From Fritz et al. 2021 "First record of the sound produced by the oldest Upper Paleolithic seashell horn" https://t.co/LIkFZVLbCy pic.twitter.com/IR9txctL3A
A equipe multidisciplinar incluiu investigadores do museu de Toulouse, do Centro Nacional de Investigação Científica de França (CNRS), da Universidade de Toulouse e do museu Quai Branly-Jacques-Chirac.
Para confirmar a hipótese de que a concha servia para produzir sons, os cientistas contaram com a ajuda de um músico especialista em trompa, que conseguiu produzir três sons próximos a notas musicais.
Descoberta em 1897, a caverna testemunha o início da cultura magdaleniana na região, no final do pico da última era glacial.
Durante o estudo do inventário do material recolhido nas escavações arqueológicas, a maioria mantida no Museu de Toulouse, os cientistas "redescobriram" e estudaram as possíveis funções da concha, que apresentava a ponta cortada formando um orifício com 3,5 centímetros de diâmetro.
A concha tinha também vestígios de ter sido decorada com hematite, um pigmento vermelho, à base de óxido de ferro, característico das decorações da caverna de Marsoulas, o que indica o estatuto de objeto simbólico. Estas decorações consistiam em pontos vermelhos e impressões digitais.
Como a abertura é irregular e coberta por um revestimento, os investigadores presumem que um bocal teria sido colocado no orifício, como é o caso de conchas mais recentes guardadas na coleção do Musée du Quai Branly - Jacques Chirac.
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