Antiga cidade fortificada revela novos detalhes sobre o processo de urbanização da Península Arábica no início da Idade do Bronze
Éric Moreira Publicado em 31/10/2024, às 12h30
Recentemente, arqueólogos descobriram no Oásis de Khaybar, no noroeste da Arábia Saudita, uma antiga cidade fortificada que remonta a mais de 4 mil anos, revelando mais detalhes sobre como se deu o processo de urbanização na Península Arábica do início da Idade do Bronze.
A cidade, chamada de al-Natah, formou-se a partir de um processo gradual e lento de urbanização, em contraste com o crescimento urbano rápido da Mesopotâmia e do Egito, na mesma época.
Segundo explica o arqueólogo francês Guillaume Charloux, em colaboração com pesquisadores sauditas, em estudo publicado na PLOS ONE, a cidade foi construída por volta de 2.400 a.C., e seguiu habitada até cerca de 1.300 a.C.. Ela podia acomodar cerca de 500 habitantes, e era fortificada com muros altos ao seu redor.
Nossas descobertas sugerem que o povo de al-Natah se envolveu em um processo de urbanização mais lento e específico da região", explica Charloux à AFP.
O arqueólogo francês também observou ao veículo que a estrutura do assentamento, bem como suas muralhas fortificadas, sugerem um nível considerável de organização social, mesmo que a região fosse tradicionalmente dominada por comunidades nômades. al-Natah se divide em uma zona administrativa central e em um distrito residencial, interconectado por ruas estreitas.
Na área residencial, conforme repercute a Archaeology Magazine, havia cerca de 50 casas, e na seção ocidental foram encontrados vestígios de uma necrópole com "túmulos de torre escalonada" circulares, além de artefatos de metal, como machados e punhais, e pedras preciosas. Esses itens apontam que a comunidade era relativamente avançada e socialmente organizada, além de relativamente igualitária, o que pôde ser constatado por cerâmicas bastante simples.
Conhecido por fornecer terras férteis mesmo em meio a um vasto deserto, o Oásis de Khaybar forneceu refúgio há 4 mil anos, podendo sustentar a agricultura na região, por mais que sejam escassos os vestígios de grãos já encontrados por ali. Porém, outro fator determinante para sua importância seriam seus muros, que protegeriam seus moradores de possíveis ataques.
Nossas descobertas demonstram que essas muralhas foram organizadas em torno de um habitat", explica Charloux.
Ele ainda acrescenta que o local pode ter servido como centro social e comercial para vários grupos, locais e nômades, de forma que o que aconteceu ali foi um processo de "baixa urbanização" ou "urbanismo lento", conforme aponta o estudo. Na mesma época, outros centros urbanos como a Mesopotâmia e o Egito formaram-se com grandes e complexas cidades, e governos centralizados, em contraste com as mudanças modernas e graduais de al-Natah.
Por fim, Charloux observa que essa urbanização mais lenta pode até mesmo ter apoiado várias redes comerciais iniciais, adaptando-se às condições ambientais e culturais da Arábia, estabelecendo conexões com a antiga rota do incenso, que posteriormente corroborou no comércio de especiarias e mirra do sul da Arábia e do Mediterrâneo. Vale mencionar que ainda é um mistério como se deu o eventual abandono de al-Natah, entre 1.500 a.C. e 1.300 a.C..
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