Escavados às margens do rio Passa-Cinco, no município de Ipeúna, objetos podem sugerir que local era acampamento e oficina de lascamento na Pré-História
Éric Moreira Publicado em 18/01/2024, às 09h11
No município de Ipeúna, localizado no interior de São Paulo, arqueólogos encontraram no sítio arqueológico Passa Cinco III restos de antigas ferramentas de pedra lascada. Datadas de entre 4 mil e 8 mil anos atrás, elas provavelmente foram construídas pelos primeiros humanos que povoaram a região, ainda durante a Pré-História.
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Ao todo, foram resgatados cerca de 2 mil artefatos, pelos pesquisadores da empresa A Lasca Arqueologia, que também os analisaram. Envolvidos no projeto estavam os especialistas Andrezza Bicudo da Silva, Beatriz Gasques Favilla, Camila Campos Olandim, Cleide Trindade, Hyrma Ioris, Journey Tiago Lopes Ferreira, Marcia Regiane Sodré dos Santos, Pedro Müller Jr. e Yan Santos Trovato.
Além das análises em laboratório, conforme repercute a Revista Galileu, os pesquisadores também utilizaram-se de uma inteligência artificial que simulava cenários e os artefatos quando recentes, mostrando possíveis contextos cotidianos e como outros elementos — que podem ter se decomposto ao longo do tempo — poderiam ser adicionados às pedras para formar ferramentas.
O acervo de líticos (nome dado aos artefatos feitos de pedra) foi encontrado em profundidades de até 1 metro no local das escavações, onde os arqueólogos acompanhavam o processo de licenciamento ambiental relacionado à instalação de uma usina de compostagem.
Também é mencionado que a técnica utilizada na confecção dos artefatos de pedra é bastante semelhante às dos primeiros humanos que viveram onde hoje se encontra São Paulo. As ferramentas poderiam ter servido para trabalhar desde fibras vegetais, madeira e pigmentos, até processar ossos, carnes e chifres.
"O que chama atenção na coleção, além de seu ótimo estado de conservação, é a quantidade de peças, o que pode indicar que o local foi utilizado como acampamento e oficina de lascamento por centenas de gerações dos primeiros humanos a povoarem o que hoje é o estado de São Paulo", afirma em comunicado a geóloga e diretora da A Lasca Arqueologia, Lúcia Oliveira Juliani.
Caroline Rutz, arqueóloga que coordena os trabalhos de laboratório da A Lasca Arqueologia, conta ainda que "o principal desafio da análise lítica é resgatar uma memória que a maior parte da humanidade já perdeu."
Com exceção das pontas de flecha e dos machados, que possuem um formato reconhecível até hoje, os instrumentos líticos se assemelham ao cascalho comum aos olhos destreinados", acrescenta.
Agora, a equipe de arqueólogos espera conseguir relacionar as técnicas utilizadas na fabricação das ferramentas ao que se sabe acerca da tecnologia dos humanos pré-coloniais para a confecção delas, na Pré-História brasileira. Após as análises, os artefatos serão enviados ao Museu Municipal Elisabeth Aytai, localizado do município de Monte-Mor (SP)
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