Abandonada e com uma manutenção onerosa, a residência se tornou um fardo para o governo de Berlim; confira detalhes
Maria Paula Azevedo, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 14/08/2024, às 15h50
Uma propriedade situada às margens do lago Bogensee, ao norte de Berlim, é um fantasma do regime nazista. Erguida para Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Adolf Hitler, a casa simboliza um dos períodos mais sombrios da história do país.
Atualmente, a propriedade enfrenta um dilema que reflete o peso de seu passado: abandonada e com altos custos de manutenção, a residência se tornou um fardo para o governo de Berlim, que não sabe como lidar com o local.
Conforme repercutido pelo The New York Times, a casa foi construída pouco antes do começo da Segunda Guerra Mundial, como um presente do regime nazista a Goebbels, para demonstrar o poder e a influência do regime.
Após a queda do nazismo e a divisão da Alemanha, o complexo passou a ser usado pelo regime comunista da Alemanha Oriental como uma escola de doutrinação, acrescentando uma camada à sua história.
Mas desde a reunificação da Alemanha, a propriedade foi negligenciada e está em estado de deterioração, representando um oneroso fardo financeiro para o Estado, que gasta cerca de 280.000 euros anuais apenas para evitar sua completa degradação.
A casa de Goebbels não é um caso isolado na Alemanha. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o país tem enfrentado desafios sobre como lidar com os vestígios físicos do regime nazista. Um exemplo claro é a residência na qual nasceu Adolf Hitler.
O desafio de gerenciar a casa de Goebbels está inserido em um contexto mais amplo de crescimento da extrema-direita na Europa, especialmente na Alemanha. O governo de Berlim está ciente de que deixar o local em péssimo estado poderia transformá-lo em um ponto de encontro para grupos neonazistas, algo que as autoridades estão determinadas a evitar.
Essa preocupação se intensificou após uma tentativa de aquisição por um grupo de extrema-direita chamado Reichsbürger, que nega a legitimidade do Estado alemão atual e busca restaurar as fronteiras do Reich.
Entre as propostas para o futuro da casa, destaca-se a sugestão da Associação Judaica Europeia de convertê-la em um centro educacional voltado para o combate ao ódio e ao extremismo. Embora a ideia tenha recebido apoio moral, enfrenta desafios financeiros consideráveis.
Contudo, especialistas afirmam que, devido à importância histórica do local, o governo alemão deveria assumir os custos desse projeto como parte de seu compromisso contínuo com a revisão e enfrentamento de seu passado.
Além dos desafios financeiros e logísticos, existe uma preocupação estética sobre a preservação de locais associados ao regime nazista. Manter esses edifícios bem conservados pode, sem querer, reestatizar o regime que representam, arriscando romantizar o passado. Por outro lado, permitir que se deteriorem completamente pode resultar em uma perda de um valioso testemunho histórico.
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