Cerimônia marca o retorno de 5 conjuntos de ossadas, retirados na era colonial, e abre caminho para a restituição de outros artefatos culturais
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 05/12/2024, às 17h30
Em um momento histórico de reconhecimento e reparação, a Alemanha devolveu à Austrália cinco conjuntos de restos mortais ancestrais, mantidos em museus alemães desde o século 19. A cerimônia, realizada em Berlim, foi marcada por emoção e simboliza um passo importante na luta contra as injustiças cometidas durante a era colonial.
Os restos mortais, que pertenciam à comunidade da Ilha Ugar, nas Ilhas do Estreito de Torres, foram levados para a Alemanha no século 19 e mantidos em coleções de museus em Berlim e Oldenburg.
Hermann Parzinger, chefe da Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano, reconheceu a injustiça histórica e a violação dos direitos dos povos indígenas durante o período colonial.
"Eles estão aqui porque, durante a era colonial e depois, os europeus presumiram fazer de outros povos e culturas o sujeito, ou mais frequentemente, objeto, de suas pesquisas – apropriando-se de artefatos de culturas fora da Europa em uma escala quase inimaginável hoje e até mesmo profanando os locais de sepultamento dessas comunidades no processo", disse ele ao 'The Guardian'.
Segundo o 'The Guardian', a embaixadora australiana na Alemanha, Natasha Smith, ressaltou a importância da devolução para os indígenas australianos e para o governo australiano.
Ela afirmou que a repatriação de restos mortais é uma prioridade e que a Austrália já recuperou cerca de 1.700 conjuntos de restos ancestrais de diversos países ao redor do mundo.
Para a comunidade da Ilha Ugar, a devolução dos restos mortais representa um momento de cura e de reconciliação com o passado. Rocky Stephen, um dos representantes da comunidade, descreveu a cerimônia como um momento triste, mas também muito alegre.
"Este é um processo de cura que vai acontecer quando eles retornarem para nós. Não importa se foi uma viagem de quase 40 horas para chegar até aqui, porque já faz 144 anos que eles fizeram falta em casa", disse ele ao 'The Guardian'.
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