Conheça a história da famosa pintura de Cassius Coolidge
Redação AH Publicado em 05/01/2019, às 08h00
Um caso de amor persistente do público, ódio da crítica. A série de quadros de cachorros não só jogando pôquer como beisebol e sinuca, e também dançando e até mesmo sendo iniciados na maçonaria é um dos máximos exemplos do kitsch, a produção comercial para o consumo das massas iletradas em arte. Algo que nem é realmente arte, numa definição tradicional.
Mas os críticos não mandam no valor que o público atribui às obras. Em 2015, o primeiro quadro da série - batizado, sem muita imaginação, de Poker Game, foi vendido por US$ 658.000. Bem mais que muitos quadros menos famosos de artistas como Pablo Picasso. Uma medida mais que adequada do sucesso de uma obra que já nasceu para fazer dinheiro.
O pôquer nasceu do jogo francês poque, por sua vez derivado do alemão pocken (“blefe”). Levado ao Canadá, percorreu todo o caminho até o Rio Mississippi, onde se tornou o jogo oficial dos cassinos em navios a vapor.
Em 1903, a editora Brown & Bigelow comprou os quadros já existentes e encomendou mais, 16 deles. Foram vendidos a indústrias de charuto, que passaram a distribuí-los como brinde.
A trapaça do buldogue com seu amigo, contra cachorros muito maiores, tornam A Friend in Need (“Um Amigo Necessitado”) o mais popular da série. Com o ás extra passado por baixo da mesa, ele tem um four of a kind, a terceira mão mais poderosa do pôquer. No livro Poplorica, de 2004, os historiadores Martin J. Smith and Patrick J. Kiger propuseram que Coolidge não era só um mercenário e tinha um mensagem secreta: ridicularizar a classe alta.
Cassius “Cash” Marcellus Coolidge não tinha qualquer ligação com o mundo das artes. Sempre atrás do dinheiro, foi dono de uma farmácia, fundou um banco, depois um jornal e começou a desenhar charges e caricaturas. Ele também é o inventor dos desenhos com um buraco para a cabeça, para tirar fotos, que ele chamou de comic foregrounds. Também assinava Kash Koolidge, para efeito “kômiko”.
Em uma entrevista ao New York Times, em 2001, a filha do artista, Gertrude, então com 92 anos, afirmou que ela e a mãe preferiam gatos, mas não daria para imaginar gatos no mesmo papel. Mal imaginava ela o que a internet viria a trazer.
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