Levou menos de um ano para uma democracia se tornar o mais infame estado totalitário da História
Redação Publicado em 21/12/2020, às 09h00
Seis anos antes do início da Segunda Guerra, Adolf Hitler estava prestes a assumir o total controle da Alemanha. Apesar de ele ter surgido no cenário político bem antes (em 1920, já filiado ao Partido Alemão dos Trabalhadores, que reorganizou sob o nome de Nacional-Socialista - de onde veio o termo "nazista"), 1933 foi decisivo para Hitler chegar à liderança do país.
Ele foi nomeado chanceler em janeiro, momento seguido da criação de várias leis que deram ao futuro ditador cada vez mais autonomia e poderes. "O ano de 1933 foi chave para a organização das instituições nazistas", diz Karl Schurster, historiador.
A partir daí, o terror não pararia até 1945, com o final da guerra. A essa altura, cerca de 50 milhões de pessoas estariam mortas, entre elas 11 milhões em campos de concentração - 6 milhões de judeus.
Entenda abaixo como isso foi possível.
1. Ascensão (30 de janeiro)
Adolf Hitler, líder do Partido Nazista, assume o cargo de chanceler (primeiro-ministro), indicado pelo presidente da Alemanha, Paul von Hindenburg, pressionado por grupos econômicos por causa da situação difícil que o país enfrentava desde o fim da Primeira Guerra.
2. Incêndio providencial ( 27 de fevereiro)
O prédio do Reichstag (parlamento alemão), em Berlim, é destruído pelo fogo. Hitler põe a culpa nos comunistas - até hoje não há certeza sobre a autoria do incêndio, mas é provável que tenham sido os próprios nazistas.
No dia seguinte, Hindenburg assina um decreto que dá a Hitler o poder de derrubar governos estaduais e locais. Os direitos civis são suspensos e ocorrem prisões de comunistas.
3. Início do terror (21 e 22 de março)
Começam a funcionar os dois primeiros campos de trabalho forçado: no dia 21, a 35 km de Berlim, é aberto Oranienburg (depois chamado de Oranienburg-Sachsenhausen).
No dia seguinte, na cidade de Dachau (perto de Munique), é inaugurado o campo de mesmo nome. Com o tempo e a radicalização do regime, os dois se tornariam campos de extermínio em massa.
4. Ditadura (23 de março)
O parlamento aprova a Lei de Habilitação (também conhecida como Lei de Ratificação ou Lei dos Plenos Poderes - em alemão, Ermächtigungsgesetz), que dá a Hitler o direito de fazer suas próprias leis, sem precisar da aprovação do parlamento. Na prática, o ato estabelece uma ditadura na Alemanha e o começo do 3º Reich (que só acabaria em 1945).
5. Polícia em ação (26 de abril)
Hermann Göring, ministro do Interior da Prússia, cria a Gestapo (abreviação de Geheime Staatspolizei, ou Polícia Secreta do Estado) para controlar, perseguir e eliminar os adversários políticos do regime nazista.
Nos anos seguintes, com a ajuda de cidadãos comuns, a Gestapo vigiou e executou milhares de pessoas.
6. Só os nazistas (14 de julho)
Todos os partidos políticos da Alemanha são banidos, exceto o Partido Nazista. No mesmo dia, é aprovada a lei que força a esterilização de pessoas com problemas físicos e mentais.
A ideia era "melhorar" a raça ariana, impedindo a reprodução de quem era considerado doente. Cerca de 400 mil pessoas passariam pelo procedimento durante os 18 meses seguintes.
7. Limpeza geral (24 de novembro)
É autorizada a lei que permite aos tribunais da Alemanha ordenar a prisão, por tempo indeterminado, de criminosos considerados perigosos. Cerca de nove meses depois, Hindenburg morreria e Hitler se tornaria oficialmente o Führer, o líder máximo da Alemanha.
Consultoria: João Fábio Bertonha (doutor em história pela Unicamp) e Wagner Pinheiro Pereira (historiador).
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