Obra-prima Expressionista de Edvard Munch, 'O Grito' possui detalhes curiosos em sua história; confira!
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 02/08/2023, às 17h34 - Atualizado em 09/08/2023, às 20h25
Ao longo da história, a Arte — uma das criações humanas que mais nos diferenciam dos animais — sofreu diversas mudanças, bem como as sociedades e o próprio mundo. Por isso, para facilitar a compreensão e estudo desses diferentes períodos, existem os chamados "movimentos artísticos".
Um dos movimentos mais emblemáticos, quando a Arte e a Ciência eram grandes expoentes para a humanidade — em especial na sociedade européia — foi o Renascimento (surgido na Itália, no século XIV), com grandes nomes como o genial Leonardo da Vinci, que criou provavelmente a pintura mais famosa do mundo, a 'Mona Lisa', e a lenda Michelangelo Buonarroti, que fez 'A Criação de Adão'.
No entanto, alguns séculos depois dos gênios italianos, o mundo já se encontrava em outro período, e os movimentos artísticos se desenrolavam também em diferentes lugares do mundo. E foi assim que, no início do século XX, na Alemanha, surgiu outro importante movimento: o Expressionismo.
Caracterizado pelo uso de cores intensas, traços grossos e distorcidos, com grande foco em aspectos subjetivos e com uma visão trágica e pessimista sobre o ser humano, o movimento tem como um de seus principais nomes o pintor norueguês Edvard Munch. Confira a seguir 5 curiosidades sobre sua obra mais emblemática, e a maior figura do Expressionismo: 'O Grito'!
Quando se pensa em grandes quadros ou pinturas produzidos ao longo da história, geralmente vem em mente peças raras, como a própria 'A Última Ceia' ou 'A Criação de Adão'. Porém, 'O Grito' possui um diferencial com relação a essas duas obras: não é uma pintura única.
Isso porque, quando criou 'O Grito', Munch reproduziu a mesma cena quatro vezes, mas com técnicas diferentes. Conforme descrito pelo site Mental Floss, em 1893, o norueguês fez uma versão pintada e também uma peça a lápis de cor. Dois anos depois, criou outra versão, dessa vez em tons pasteis; e por fim, em 1910, usou tintas têmperas.
Além do mais, a obra de Munch ficou bastante popular no cenário europeu enquanto ele ainda era vivo. Por isso, também vendeu diversas impressões em preto e branco de sua pintura.
Embora hoje a obra de Munch seja mundialmente conhecida, bastando falar 'O Grito' para que a maioria das pessoas logo pense na icônica pintura, a verdade é que seu nome originalmente não seria este. Isso porque, a princípio, ela se chamaria 'O Grito da Natureza', nome justificado por um poema que escreveu no quadro de 1895.
"Eu estava caminhando pela estrada com dois amigos / o sol estava se pondo - o céu ficou vermelho como sangue / e senti um cheiro de melancolia – Fiquei / Ainda, mortalmente cansado – sobre o azul-escuro / Fiorde e Cidade pairavam Sangue e Línguas de Fogo / Meus Amigos caminhavam – Fiquei para trás / – tremendo de Ansiedade – Senti o grande Grito na Natureza – EM", escreveu Munch.
Sue Prideaux, uma escritora e biógrafa inglesa, responsável por produzir a biografia de Edvard Munch, aponta que a primeira criação de 'O Grito' poderia ser, na verdade, uma obra sobre suicídio. Isso porque ela foi produzida em uma época que, de uma vez, o pintor norueguês estava falido, recém-saído de um caso de amor fracassado e com medo de desenvolver a doença mental que assombrava sua família — sua irmã mais nova tinha esquizofrenia, e o pai, depressão.
Ainda de acordo com o Mental Floss, na mesma época em que 'O Grito' foi criado, arqueólogos descobriram um guerreiro Chachapoyas mumificado nas redondezas do rio Utcubamba, na região amazônica do Peru. E sequer é preciso observar a múmia por muito tempo para perceber semelhanças entre ela e a figura representada na obra de Munch.
Com ambas as mãos cimentadas, uma em cada lado do rosto, envolvendo uma boca aberta em um aparente grito, a múmia peruana pode ter servido, segundo o historiador de arte Robert Rosenblum, como uma verdadeira inspiração à Munch, que teve a chance de conhecê-la quando estava em uma exposição em Paris.
No mesmo dia em que as Olimpíadas de Inverno de 1994 começavam, em Lillehammer, na Noruega, bandidos entraram furtivamente na National Gallery em Oslo e, para o desespero dos responsáveis pelo quadro, fugiram com a obra-prima de Munch. A facilidade da ação foi tamanha, que eles ainda deixaram um bilhete escrito "obrigado pela falta de segurança"; felizmente, 'O Grito' foi recuperado três meses depois.
No entanto, este não seria a única grande aventura envolvendo o quadro de Edvard Munch. Em 2004, somente 10 anos depois, dois homens armados entraram no mesmo museu e furtaram não só 'O Grito', como também a pintura 'Madonna'. Em maio de 2006, três homens foram condenados e presos pelo roubo, mas as pinturas seguiram desaparecidas.
E curiosamente, uma empresa inusitada se envolveu nos esforços para a recuperação dos quadros, aproveitando também a situação como uma jogada de marketing: a Mars, Inc, responsável pelos M&M's, que lançavam um novo sabor de chocolate amargo. No anúncio, ofereceram ainda a impressionante recompensa de mais de 2 toneladas das balas de chocolate.
E somente poucos dias após essa promoção surgir, um dos homens detidos envolvidos no roubo revelou o paradeiro dos quadros, pedindo como recompensa todos os doces e ainda o direito a visitas íntimas. Porém, a empresa acabou decidindo que quem deveria receber o prêmio eram as autoridades responsáveis pela prisão do homem — que, por sua vez, decidiram que seria melhor que o valor em dinheiro do doce (aproximadamente US$ 26 mil na época) fosse doado ao Museu Munch.
Falando em arte, quem nunca ficou curioso para conhecer a história por trás do quadro 'A Noite Estrelada', de Van Gogh? Bom, a história é contada no podcast 'Desventuras', com narração do professor de História Vítor Soares. Confira o episódio abaixo!
Por que o rosto de Guy Fawkes é estampado em máscaras durante protestos?
Conheça Cixi, a imperatriz que governou a China do século 19
Titanic: Conheça o túmulo que ficou 'famoso' após o lançamento do filme
O guerreiro africano que foi empalhado e apresentado como atração em museus
Veja a história de Péritas, o lendário cachorro de Alexandre, o Grande
Vestido ícone: A história por trás do momento memorável de Marilyn Monroe