Estudo descobriu que a prática tradicional foi aplicada por motivos além da estética
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 23/05/2022, às 12h37 - Atualizado em 17/06/2022, às 05h00
Existem inúmeros exemplos de crânios maias com dentes encrustados de turquesa, jade, azeviche e hematite, entre outros tipos de pedras.
Enquanto estudos passados atribuíram essa prática comum da civilização mesoamericana a objetivos estéticos e espirituais, um grupo unindo pesquisadores mexicanos e norte-americanos publicou recentemente na revista Journal of Archaeological Science um artigo que expandiu o que sabemos a respeito da tradição.
Ao analisarem os selantes utilizados para colar as gemas aos dentes, eles descobriram ingredientes de diversas propriedades medicinais, como alcatrão de pinheiro, que é considerado antibacteriano, e esclareolida, uma substância vegetal que, além de antifúngica, possui um aroma agradável, sendo usado atualmente na composição de perfumes.
Outro ingrediente comum era óleo essencial retirado de plantas similares à menta, que possuem efeitos anti-inflamatórios.
As descobertas do estudo delineiam uma espécie de odontologia milenar, sugerindo que, além de artísticas, as pedras fixadas aos dentes dos maias os ajudariam a manter sua higiene bucal.
Conforme repercutido pelo Science Alert, existem outras evidências de quanto essa civilização valorizava sua saúde dental, como o fato que eles tinham o costume de polir seus dentes, e arrancar aqueles que desenvolvessem cáries.
Uma prova adicional do aspecto medicinal da prática analisada é que as decorações dentárias não eram presentes apenas naqueles pertencentes à elite, de forma que esse não seria necessariamente um marcador de status social.
Embora as misturas fossem complexas e eficazes no fornecimento de obturações dentárias duradouras, os contextos mortuários dos indivíduos amostrados indicam que não eram indivíduos de elite, mas que, em vez disso, uma ampla faixa da sociedade maia se beneficiou da experiência dos indivíduos que fabricaram esses selantes", explicaram os autores no artigo.
+ Para conferir o estudo na íntegra, clique aqui.
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