Série documental da Netflix, 'Cirurgião do Mal' mostra as mentiras por trás do médico que criou traqueias sintéticas apresentadas como revolucionárias
Éric Moreira e Thiago Lincolins Publicado em 04/12/2023, às 16h37 - Atualizado em 06/12/2023, às 17h41
Na última semana, foi disponibilizada na Netflix uma série documental baseada em crimes reais: 'Cirurgião do Mal'. Dirigida por Ben Steele, a produção estreou na quarta-feira, 29, e narra os eventos que giram em torno do polêmico cirurgião italiano Paolo Macchiarini.
"O Dr. Paolo Macchiarini é famoso no mundo todo por seus transplantes de traqueia com infusão de células-tronco. Só tem um problema: os pacientes sempre acabam morrendo", conta a sinopse.
A razão para a mencionada "fama" de Macchiarini, que, na verdade, se limitava ao meio científico, era que, em 2011, ele ficou reconhecido ao afirmar ter realizado os primeiros transplantes de traqueia sintética do mundo, utilizando células-tronco, o que foi considerado um avanço na medicina regenerativa.
No entanto, tudo começou a desabar depois que o cirurgião foi envolvido em acusações de má conduta médica, após ter sido acusado de realizar o procedimento — ainda experimental — em pelo menos uma pessoa que nem mesmo estava doente a ponto de ser necessário. Além disso, a maioria dos pacientes submetidos à cirurgia de transplante de traqueia faleceu, o que seria uma razão para que o procedimento fosse abandonado.
Com isso em mente, confira a seguir cinco fatos chocantes que 'Cirurgião do Mal', da Netflix, revelou sobre Paolo Macchiarini, médico-cirurgião italiano. Atenção: os próximos parágrafos podem apresentar spoilers!
O documentário mostra que o cirurgião foi acusado de ignorar um passo crucial durante procedimentos científicos rigorosos: os testes clínicos em animais. Isso porque, antes de um procedimento ser testado no corpo humano, precisa haver o teste em animais, para assim evitar possíveis cenários catastróficos.
Conforme mostra o documentário da Netflix, Macchiarini não usou a traqueia de plástico em ensaios clínicos com animais. Ou seja, os pacientes que receberam a sua invenção mascarada como 'revolucionária' se tornaram cobaias humanas.
É normal que pacientes que passam por cirurgias extremamente invasivas tenham o apoio do médico após o procedimento para resolver eventuais complicações. No entanto, isso não acontecia com frequência para os casos de Macchiarini.
'Cirugião do Mal' mostra que, antes das cirurgias, Paolo era extremamente simpático e atencioso com os pacientes e familiares, no entanto, costumava desaparecer após o procedimento médico.
Em um dos casos, por exemplo, ele até mesmo cita a agenda cheia como motivo para não prestar auxílio. Assim, sua equipe cirúrgica precisava lidar com os problemas dos enfermos. A produção da Netflix mostra que, em três casos, o cirurgião não esteve presente para ajudar os pacientes.
A série documental da Netflix explica que, pelo menos, oito pacientes receberam a traqueia sintética descrita como 'revolucionária' pelo médico. No entanto, sete deles morreram após o procedimento médico.
Um dos casos mais chocantes apresentados na série da Netflix mostra a história da jovem Yesim Cetir. Após receber a traqueia sintética, ela passou por complicações e encarou mais de 100 cirurgias, repercute a ABC News. No entanto, acabou falecendo após passar um ano e meio na terapia intensiva.
Apesar das mortes, os familiares acreditavam na palavra de Macchiarini e imaginavam que se tratava de um cenário que poderia acontecer numa cirurgia experimental. No entanto, em muitos dos casos, os familiares perceberam que tudo se tratava de uma fraude.
Sem dúvidas, o ponto mais chocante da série documental é saber que as traqueias sintéticas inventadas pelo cirurgião não passava de uma farsa. Paolo afirmava que a traqueia de plástico, quando inseridas no corpo, conseguiriam gerar células-tronco, no entanto, nada disso acontecia.
Assim como fora do corpo humano, a traqueia sintética não passava de plástico. Sem criar células, o plástico passou a apodrecer dentro do corpo de pacientes. Esse foi o caso de Yulia Tuulik, uma jovem paciente que passou a ter problemas para falar e respirar. Antes de falecer, precisou lidar com o apodrecimento da traqueia sintética em seu interior, mostra a série documental da Netflix.
Além disso, o sucesso de suas traqueias era marcado por resultados fabricados. Embora ele afirmasse que o procedimento era inovador, os dados não se baseavam na realidade e deixavam de mencionar as complicações e consequente morte dos pacientes. Sempre quando questionado, Macchiarini afirmava que as alegações eram falsas.
No documentário, os relatos de Benita Alexander, uma jornalista da NBC, mostram que Paolo fingiu ser médico de figuras famosos. Além de mencionar que já havia atendido Barack Obama, ele disse a então noiva que havia até mesmo prestado serviços ao Papa e Hilary e Bill Clinton.
A verdade veio à tona quando Benita, que acreditava que se casaria com o médico em uma cerimônia de luxo, descobriu que o Papa não realizaria o casamento. Toda a cerimônia planejada por Macchiarini na Itália não passava de uma mentira. A jornalista também descobriu que ele tinha uma filha com Ana Bernardes, que também foi enganada pelo médico.
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