Um momento marcante de Oppenheimer é o insulto do presidente ao físico, proporcionando uma grande tensão; mas, isso realmente aconteceu?
Isabelly de Lima Publicado em 13/04/2024, às 12h00
No filme "Oppenheimer", dirigido por Christopher Nolan, o presidente Truman rotula J. Robert Oppenheimer como um "bebê chorão", uma observação que parece excessivamente desdenhosa para ser completamente verdadeira.
Os filmes biográficos enfrentam o desafio de equilibrar a narrativa ao contar histórias baseadas em fatos reais, especialmente quando lidam com assuntos sérios e complexos. É crucial que, nessas situações, os filmes exerçam cautela ao decidir quais nuances da história explorar e quais deixar de lado.
A maneira como "Oppenheimer" aborda esse desafio, especialmente no encontro tenso entre Oppenheimer e o presidente Truman, interpretado por Gary Oldman, adiciona uma dimensão fascinante à narrativa em comparação com os eventos reais. Entretanto, essa conversa realmente aconteceu (assim como o insulto)?
O longa narra a vida do físico teórico, uma figura importante no desenvolvimento das primeiras armas nucleares durante a Segunda Guerra Mundial. Além de retratar os anos formativos do físico, seu trabalho em Los Alamos e, claro, a perseguição que sofreu pelo próprio governo que ajudou.
Na cena em questão, Robert se encontra com o presidente Truman para expressar preocupações sobre o uso das armas nucleares. No entanto, a reunião termina negativamente. O presidente rotula Oppenheimer como "bebê chorão" e o proíbe de voltar na Casa Branca.
Embora a resposta de Truman a Oppenheimer seja precisa em relação aos registros históricos, os eventos se desenrolaram de maneira diferente no filme. Na realidade, Truman chamou Oppenheimer de "bebê chorão", mas isso não ocorreu em uma troca direta, muito menos resultou em uma proibição de entrada na Casa Branca.
Conforme documentado no livro "Robert Oppenheimer: A Life Inside the Center", de Ray Monk, Truman fez esse comentário em particular para seus assessores, expressando posteriormente a Dean Acheson, então secretário de Estado, sua relutância em receber o físico em seu escritório, de acordo com o Screen Rant.
Apesar das sutilezas, "Oppenheimer" acerta ao capturar a discordância entre o presidente e o físico. De acordo com a biografia de Monk, Truman reagiu com indignação ao comentário de Oppenheimer sobre o 'sangue em suas mãos', interpretando-o como um sinal de fraqueza após os eventos já consumados.
Ainda que o filme tome liberdades criativas, o desfecho de "Oppenheimer" reforça os sentimentos do físico em relação ao seu trabalho na bomba atômica.
Conforme relatado por seu neto, Charles Oppenheimer, "Ele não conseguiu convencer o presidente, e o presidente não gostou dele, infelizmente. Meu avô ofereceu o conselho certo, mas o presidente não o aceitou. O que ele disse sobre ter sangue nas mãos, claramente, foi algo que Truman não apreciou", segundo o The Washington Post.
Apesar de possíveis desvios da realidade, Christopher Nolan tinha motivos válidos para incluir essa cena em "Oppenheimer". Ele esclareceu sua intenção em uma entrevista ao Slash Film, explicando que o comentário de Truman foi uma maneira de dizer:
Desculpe, Oppie, mas você não pode passar anos trabalhando para construir uma bomba atômica e depois agir como se estivesse triste e culpado quando é usado para o propósito pretendido".
O filme sobre o famoso físico já está disponível na plataforma de streaming Amazon Prime Video.
Do Krampus ao caganer: Confira 5 tradições natalinas ao redor do mundo
Krampus: Uma figura maligna no Natal da Áustria
Quando desmontar a árvore de Natal? Conheça a tradição
'Noite Feliz, Noite de Paz': A trégua de natal durante a Primeira Guerra
Confira 6 filmes que não parecem, mas se passam no Natal
De faraó a imperador: Veja 5 sepultamentos que entraram para a História