Muitos refugiados sofreram com uma síndrome insólita que influenciou o diretor do famoso filme de terror
Isabela Barreiros Publicado em 16/10/2019, às 08h00
Freddy Krueger foi um dos personagens mais icônicos e assustadores dos anos 80. Em 1984, A Hora do Pesadelo, filme de terror escrito e dirigido por Wes Craven, foi para as telas dos cinemas contando a história de adolescentes que, durante o sono, lutavam contra a criatura desfigurada. O mais aterrorizante de tudo, na verdade, é que o roteiro foi baseado em acontecimentos reais.
Um artigo publicado no LA Times inspirou o diretor do longa-metragem. Nele, médicos e especialistas narravam uma onda de mortes inexplicáveis que atingiu um grupo muito específico de pessoas nos Estados Unidos.
O jornal contou a história de uma criança refugiada do genocídio que aconteceu no Camboja no ano de 1975. O assassinato em massa promovido pelo regime do Khmer Vermelho fez com que muitas pessoas do sudeste asiático fossem pedir abrigo nos EUA.
O garoto do Camboja dizia que estava com medo de dormir porque ele seria atacado e morto durante seu sono. “Quando ele finalmente adormeceu, seus pais pensaram que a crise havia terminado. Então eles ouviram gritos no meio da noite. Quando chegaram, ele estava morto. Ele morreu no meio de um pesadelo”, disse o diretor Craven ao jornal diário Vulture.
Mas a situação não foi um caso isolado. Isso aconteceu com inúmeros refugiados que tentavam escapar do terror no Camboja. Ainda mais particular: o grupo atingido pelas mortes repentinas era, geralmente, o de homens jovens. Um grande segmento de pessoas da etnia Hmong sofreu com a síndrome desconhecida, o que gerou preocupação em médicos.
"São pessoas que sofreram muito e foram sujeitas a muito", disse a Dra. Khatharya Um, professor associado da UC Berkeley e autor do livro Southeast Asian Migration: People on the Move in Search of Work, Refuge, and Belonging (Migração do Sudeste Asiático: Pessoas em movimento em busca de trabalho, refúgio e pertencimento, em tradução livre).
A experiência traumática pode ter gerado esse tipo de comportamento do corpo. Muitos membros da comunidade disseram que as mortes foram causadas por agentes químicos aos quais essas pessoas estariam expostas. Mas os médicos não concordaram com a teoria.
“O gás nervoso não age dessa maneira. Não há evidências. Em segundo lugar, se era gás nervoso, por que afeta apenas homens e por que apenas durante a noite?", questionou o médico legista Larry V. Lewman no artigo publicado pela LA Times.
Mais tarde, a síndrome foi nomeada como Síndrome da Morte Noturna Inexplicável Repentina (SUNDS, em inglês). “Isso foi um reflexo de que tipos de estressores surgem no corpo quando pessoas são removidas à força de um mundo familiar para um contexto completamente estranho e às vezes até hostil?”, perguntou-se a Dra. Um. Até hoje, a onda de mortes ainda permanece sem explicação.
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