A genialidade de Miles Davis não se limitou à música: o lendário trompetista era também um grande pintor
Izabel Duva Rapoport Publicado em 21/05/2022, às 09h00
Há muitos artistas multifacetados pelo mundo, sem dúvida, mas poucos viveram uma conexão entre música e arte visual tão seriamente quanto Miles Davis (1926-1991). Inclusive, após sua morte, com o lançamento póstumo do álbum perdido que ficou engavetado por três décadas, Rubberband, cuja capa é ilustrada com uma obra do próprio Davis.
Sua carreira como pintor, no entanto, diferentemente da trajetória em música, demorou a ganhar um real significado. Foi apenas nos anos 1970, quando o artista se afastou por um período da indústria musical para lidar com a saúde debilitada, que ele passou a desenhar e pintar com frequência – a princípio, para si mesmo.
“É como uma terapia para mim. Mantém minha mente ocupada com algo positivo quando não estou tocando música”, dizia, preenchendo com pincéis as lacunas que a falta do trompete deixava em sua vida.
Já na década de 1980, ao retornar aos palcos e gravações, Davis resolveu tornar público seu trabalho visual, lançando-o na capa do disco Star People. Nesta época, conheceu Jo Gelbard, a artista que o ajudou a aprimorar as técnicas e o estilo de suas obras.
Juntos, criaram a capa de um dos mais elogiados álbuns do músico, Amandla – termo zulo que significa poder, muito usado nas manifestações da época contra o Apartheid. Para Davis, porém, a palavra representava, sobretudo, liberdade. Tanto na vida quanto na arte, seja ela qual for.
Veja curiosidades sobre a arte de Davis!
Fazendo uso de cores vivas e formas geométricas, as pinturas de Davis eram surreais e ousadas, com evidente influência da arte tribal africana. Também evocam obras de mestres como Wassily Kandinsky (1866-1944), Pablo Picasso (1881-1973) e Jean-Michel Basquiat (1960-1988).
Para a artista Jo Gelbard, a maneira como Miles Davis pintava não era como ele tocava
ou desenhava. “Ele era tão minimalista e leve em seu som. Seus esboços eram arejados. Mas, quando pegava seu pincel era mortal, como uma criança com tintas no jardim da infância.”
A produção criativa de Davis, na música e na pintura, foi abundante até sua morte, em 1991. Depois disso, uma série de exposições foi feita, além do livro Miles Davis: The Collected Artwork, que reúne obras visuais do artista, mantendo viva também esta grande expressão de sua vida.
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