Para mostrar espanto diante de uma situação inesperada e muito pouco plausível, costumamos recorrer ao tal Benedito
Julia Moioli Publicado em 23/12/2019, às 11h00 - Atualizado em 18/04/2022, às 17h02
A mais provável origem dessa curiosa expressão é digna de um típico causo mineiro e estaria ligada ao ex-governador do estado Benedito Valadares. Que mais tarde viraria nome de cidade.
Após a Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o governo provisório do país. Diante da suspensão da Constituição de 1891 e do Congresso Nacional, além das assembleias estaduais fechadas, gozava de plenos poderes. Entre eles, a indicação dos interventores estaduais.
Em setembro de 1933, com a morte de Olegário Maciel, Vargas precisava definir o novo
interventor de Minas Gerais. “Havia, entre seus aliados, dois homens fortes que pressionavam por suas indicações”, afirma o professor de história do Brasil Jorge Ferreira.
“Um era o ministro da Fazenda Osvaldo Aranha, que indicava Virgílio de Melo Franco e que, por sua vez, ainda tinha o apoio do pai, Afrânio de Melo Franco, ministro das Relações Exteriores. O outro era Flores da Cunha, interventor do Rio Grande do Sul, que apoiava Gustavo Capanema.”
Assim, previa-se que um dos dois fosse indicado. Mas, para a surpresa de todos, Vargas escolheu Benedito Valadares, político mineiro de pouco destaque, que havia apoiado sua candidatura em 1930.
Ferreira conta que a surpresa teria sido tão grande que a própria mãe de Valadares teria exclamado: “Será o Benedito?”. Assim, a expressão de perplexidade frente a acontecimentos inusitados teria caído no gosto do povo e no folclore político.
Mas por que o presidente fez isso? O especialista explica: “Primeiro porque, nomeando alguém sem grande expressão na política regional, Vargas teria maior controle sobre o interventor e sobre o quadro político do estado. Segundo porque esse era o seu estilo: arbitrar conflitos, mediar interesses e conciliar disputas”. Não deu outra: Benedito Valadares manteve-se fiel.
Em 1935, foi eleito governador constitucional de Minas Gerais e permaneceu no posto até 1945, quando Vargas foi deposto.
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