Lord Carnarvon, patrocinador da descoberta da tumba do faraó egípcio, morreu por razões misteriosas em 5 de abril de 1923
Joseane Pereira Publicado em 04/11/2019, às 11h51
No ano de 1922 tinha início a terceira e última expedição à procura do famoso Rei Tot, financiada pelo conde inglês Lord Carnavon e liderada pelo arqueólogo Howard Carter.
Carnavon, manifestando sua impaciência com as contínuas expedições no deserto do Vale dos Reis, que durante 15 anos não encontraram mais do que salas vazias, havia declarado ser aquele o último ano em que financiaria as pesquisas de seu arqueólogo contratado.
Entretanto, para surpresa da comunidade científica da época, naquele ano deu-se uma das maiores descobertas arqueológicas da História: finalmente Carter encontrava o sarcófago de Tutancâmon, repleto de objetos valiosos que ajudaram a explicar o Egito de 3.400 anos atrás. Os esforços do arqueólogo e do Conde tinham valido a pena, embora para este último a descoberta tenha selado seu destino.
Os artefatos encontrados somavam mais de cinco mil peças de incalculável valor, seladas desde a décima oitava dinastia egípcia e pertencentes a um faraó que havia morrido na adolescência. Filho de Aquenáton, Tutancâmon casou-se aos oito anos com sua meia-irmã e governou até os dezenove, morrendo em 1324 a.C. por razões ainda controversas, como doenças hereditárias ou malária.
Embora seu túmulo não seja tão suntuoso quanto de outros faraós, o que fez da descoberta algo extraordinário foi o fato de sua sepultura estar intacta: todo o ouro, tecidos, mobília, armas e textos sagrados que revelam muito sobre o Egito de 3.400 anos atrás não tinham sido saqueados por ladrões e caçadores de tesouros, incluindo uma adaga forjada no ferro de um meteorito.
Talvez o pequeno fragmento de argila encontrado por Carter na antecâmara do sarcófago, que continha a inscrição "A morte vai atacar com seu tridente aqueles que perturbarem o repouso do faraó", possa explicar um pouco as causas da boa preservação.
Carter entrou na antecâmara acompanhado de Carnarvon no dia 26 de novembro de 1922, e os dois se depararam com a imensa coleção de artefatos e tesouros. A descoberta repercutiu mundialmente, e junto dela a lenda sobre a maldição do Faraó, que existia desde o século dezenove por conta de outros acontecimentos estranhos relacionados a esses achados. Segundo alguns historiadores, o próprio Carter teria ajudado a disseminar a lenda, para manter a descoberta longe de invasões.
Os meses seguintes foram usados no inventário de todo o conteúdo da antecâmara, sob supervisão cautelosa de autoridades egípcias, pois só em presença delas se podia abrir oficialmente uma tumba. Apenas no dia 16 de fevereiro de 1923, a câmara mortuária foi aberta e o sarcófago de Tutancâmon encontrado, fato coberto pela imprensa mundial e que levou Carter a ter muito sucesso.
Os estudos dos objetos encontrados seguiram mês após mês. Finalmente, no dia 5 de abril de 1923, foi autorizada a abertura do sarcófago em si, com uma multidão de curiosos presente para acompanhar o fato. O corpo de Tutancâmon estava intacto, embora seu queixo fosse retraído e a parte posteior do crânio, estranhamente alongada.
No mesmo dia em que a tumba foi aberta, Lord Carnavon, que estava em seu castelo na Inglaterra com a neta, faleceu repentinamente, e a causa mais aceita é a infecção de uma picada de mosquito, que havia ocorrido em sua última viagem ao Cairo.
Anos depois, sua neta Patricia Leatham afirmaria: "No momento em que ele morreu, toda a luz do Cairo se apagou e, naquela época, todos os serviços públicos do Cairo eram administrados pelo exército britânico e não havia meios de eles religarem a energia. Não encontraram motivos para a energia ter acabado. Vinte minutos depois a energia foi restaurada. A pequena cachorrinha de meu tio, Suzie, estava dormindo em sua cesta no quarto de nossa governanta, e no mesmo momento em que ele morreu, Suzie sentou em sua cesta, uivou e morreu".
Esta foi a primeira morte atribuída à lenda de Tutancâmon. Além desta, existem rumores de que Sir Archibald Douglas Reid, o radiologista que supostamente teria feito radiografias da múmia de Tut, também morreu pouco tempo depois de ter contato com o faraó, assim como um membro da equipe de escavadores de Carter.
Tais acontecimentos levaram a maldição de Tutancâmon a uma fama mundial, repercutida longamente pela mídia ocidental, contudo, não passa de uma lenda. Embora pesquisadores afirmem que objetos armazenados longamente podem causar envenenamento a quem os manipula, o próprio Carter - que manipulou a múmia com suas próprias mãos - morreu apenas 16 anos mais tarde.
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