Monarquistas descontentes tentaram retomar o poder e foram massacrados por Napoleão
Cristiano Dias Publicado em 13/12/2020, às 09h00
Em menos de duas horas, o massacre havia terminado. No chão, os restos de 400 manifestantes lavados em sangue, que pouco antes tinham sido fuzilados à queima-roupa.
Os sobreviventes empilhavam os cadáveres na escadaria da Igreja de Saint Roch, o quartel-general dos rebeldes, a um quarteirão do Louvre. Era 5 de outubro de 1795, ou como marcava o novo calendário revolucionário: 13 Vendemiário.
Assim Paris foi apresentada à mão pesada da França: o jovem general Napoleão Bonaparte, que dera a ordem de fogo contra uma multidão de 30 mil pessoas.
A canhonada de Napoleão foi um dos episódios mais brutais do período revolucionário - e não foi o último na repressão de rebeldes. A manifestação que gerou a primeira chacina só aconteceu devido ao fim do Regime do Terror, no ano anterior.
Quando os jacobinos foram escorraçados do poder, no verão de 1794, os monarquistas se assanharam e viram a chance imediata de retomar o comando. Havia um enorme descontentamento popular depois de anos de desordens, assassinatos e guerras. Foi essa turba, formada por monarquistas e engrossada pela multidão de descontentes, que se juntaria diante do Palácio das Tulherias.
A missão de conter a multidão era ingrata, e o deputado Paul Barras, comandante do exército do interior, mandou chamar um general que pusera os ingleses para correr em Toulon, em 1793. Napoleão aceitou com uma condição: ter carta branca para agir.
A Paris das largas avenidas ainda não tinha nascido. Era medieval, com ruas estreitas, cheias de cortiços e casas decrépitas, onde morava uma ralé capaz de formar em pouco tempo uma multidão enfurecida na porta de qualquer palácio.
Lembrete
Bonaparte se lembrou do erro fatal cometido pelo rei Luís XVI, que, diante de uma situação parecida, não empregara a força bruta e acabou sem o pescoço. O general optou pela artilharia pesada, com tiros disparados de perto. E assim foi feito. A república foi salva. Os burocratas da Convenção, agradecidos, o enviaram para a Itália como comandante do exército.
"A revolta colocou o nome de Napoleão Bonaparte na boca dos franceses", relata o historiador Paul Johnson, autor da biografia Napoleão. Nos anos seguintes, as vitórias em Lodi, Rivoli e Mântua aumentaram seu prestígio.
Os franceses queriam a estabilidade, e Bonaparte era o homem certo nesse sentido. O golpe aconteceu em 9 de novembro, ou 18 Brumário. O general acabou por se tornar cônsul e, em 1802, cônsul vitalício.
As revoltas internas, contudo, não acabaram. Em 1804, a polícia fez fracassar uma tentativa de assassinato contra Bonaparte. A culpa recaiu sobre os Bourbon, que estariam tramando a volta da monarquia.
A acusação levou à prisão e à posterior execução do duque de Enghien e a repercussões políticas essenciais para o movimento seguinte de Napoleão: sua coroação. O atentado foi utilizado por ele para assumir o posto de imperador da França em dezembro do mesmo ano, coroando a si mesmo e a Josefine, como imperatriz.
Ainda Estou Aqui: Conheça o livro que inspirou o filme de sucesso
5 membros da realeza britânica que não usaram o verdadeiro nome
O inusitado prato favorito do príncipe George, filho de William
Donald Trump: Quem são os filhos do novo presidente dos Estados Unidos?
De Clinton a Nixon: Relembre polêmicas de presidentes dos Estados Unidos
Senna: Compare o elenco da série com as pessoas reais