Especialistas divergem em qual é a origem dos marcas de pés com diferentes números de dedos
Isabela Barreiros Publicado em 28/08/2019, às 14h00
Uma gruta em Barra do Garças, no cerrado do Mato Grosso, contém marcas peculiares em suas paredes. São pés humanos de diferentes formatos e tamanhos — o estranho, porém, é que alguns desses têm três, quatro, cinco e até seis dedos. Além dos pés, a Gruta dos Pezinhos, nome pelo qual ficou conhecida, também conta com marcas de mãos, órgãos genitais, pegadas de animais e formas geométricas.
Até hoje foram feitas somente análises superficiais sobre as figuras, mas diversos especialistas opinaram sobre sua possível origem. Nina Tereza Dolzan, professora e mestre em patrimônio histórico cultural, disse para a BBC Brasil que as marcas foram feitas por povos da região quando acontecia um nascimento. "No passado, aquela parede da gruta era mole, como um barro. Então, os seres iam marcando cada nascimento por meio dessas gravuras, com desenhos de pés, mãos ou órgãos sexuais".
A jornalista e escritora italiana Margherita de Tomas levanta outra hipótese para o número de dedos das gravuras. “Existe a possibilidade de que esses pés com diferentes números de dedos sejam casos de polidactilia (característica na qual a pessoa nasce com mais de cinco dedos) ou mutilações”.
Mas, devido à presença de inúmeros grupos indígenas na região, como os Bororos e os Xavantes, ainda há um lado místico para a análise. O psicólogo e presidente da Associação Mato-grossense de Pesquisas Ufológicas e Psíquicas (Ampup) Ataíde Ferreira comenta como as pegadas estão relacionadas às lendas dos povos que vivem ali.
"Os indígenas da região, principalmente os mais velhos, contam sobre semideuses, que seriam criaturas de 1,20 metros, com cabeça desproporcional ao corpo, diferentes números de dedos nos pés e que teriam vindo do céu".
De qualquer forma, os especialistas não descartam nenhuma possibilidade para o diferente número de dedos nas gravuras — ou pegadas. Mas é possível que esse mistério nunca seja solucionado: deteriorando-se com o tempo e a força do intemperismo, as marcas estão, cada vez mais, se perdendo e sendo alteradas.
Recentemente, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) lançou uma nota mencionando a importância da conservação do local e também a necessidade de que arqueólogos estudem a fundo as paredes da gruta.
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