Adaptação do filme nacional Entre Irmãs é a mais assistida por brasileiros na Netflix nesta quarta-feira, 10; veja curiosidades
Thiago Lincolins Publicado em 10/04/2024, às 12h14
Costureiras, as irmãs Luzia e Emília moram em Taquaritinga do Norte, em Pernambuco. Entretanto, tudo muda quando o bando do cangaceiro Carcará sequestra Luzia. É o começo de duas trajetórias distintas.
Enquanto a jovem que foi raptada assume uma posição de destaque no cangaço, Emília se casa com um homem de uma família abastada e se muda para Recife.
Esta é a sinopse de "Entre Irmãs". Lançado em 2017, o filme foi adicionado ao catálogo da plataforma de streaming Netflix em formato de minissérie. Fascinante, é a mais assistida por brasileiros nesta quarta-feira, 10.
O longa-metragem de Breno Silveira compreende uma adaptação do livro "The seamstress", lançado em 2009 por Frances Peebles. Um ano depois, chegou no Brasil como "A Costureira e o cangaceiro".
Pensando nisso, confira curiosidades sobre a série que chama atenção no catálogo da plataforma de streaming Netflix.
Em 2017, durante entrevista ao Diário de Pernambuco, Frances, que nasceu no Recife, relembrou o processo de escrita do livro, que conta com muitas palavras que não tem tradução.
"Cangaceiro, cangaço, caatinga, cariri, sertão, rapadura etc. Resolvi colocar essas palavras todas em português, porque não existem em inglês. Queria que o leitor no exterior fosse aprendendo esse português, tão rico. Em geral, isso funcionou", disse ela ao veículo.
O folclore em torno do cangaço sempre esteve presente na vida da escritora, entretanto, ela notou a falta de representação feminina no movimento.
"Sempre fui rodeada pelo folclore do cangaço. Sempre gostei. Quando amadureci mais, vi que não existia uma história das mulheres no cangaço. Pesquisei, fui em vários sebos, comprei vários livros, mas realmente não existia. Era uma vida difícil, de muita convivência com a natureza, mas também muita violência, muita dor, separação dos filhos, esse tipo de coisa", explicou ela ao veículo. "Por isso queria contar a história das mulheres e, também, queria que uma delas fosse para a cidade. Queria mostrar que, para ter coragem, você não precisa pegar em uma arma. E a Emília também tem muita coragem para tomar suas decisões, levar a vida que se quer. Queria mostrar esses dois lados".
Em coletiva de imprensa na época, conforme repercutido pelo Esquina de Cultura, o diretor explicou que o seu objetivo era fazer um filme sobre Maria Bonita, esposa do cangaceiro Lampião, no entanto, encontrou o livro de Frances.
"Logo percebemos que não teria material suficiente para um longa-metragem apenas sobre ela [Maria Bonita]. Como saída, encontramos o livro da Frances [de Pontes Peebles, O Cangaceiro e a Costureira], e vimos que era o que a gente precisava, colocando um ‘tempero’ em cima de uma história que já chegou pronta pra gente", explicou ele.
Ao veículo, Frances Peebles também explicou que não viu o roteiro do filme, afinal, confiava no trabalho de Breno Silveira, o diretor, e Patrícia Andrade, a roteirista.
"O elogio mais sincero que um artista pode receber é quando sua obra é inspiração para outra obra. Esse filme é nosso, mas é independente de mim. O que acho bonito é que eles gostaram, respeitaram e amaram os personagens, tanto quanto eu. E eu senti isso e tinha toda confiança do mundo. Eu tenho que respeitar a obra deles, não entendo de cinema", disse ela.
O filme também emociona os telespectadores ao retratar os cruéis experimentos de 'cura gay' na década de 1930. De remédios a choques: de tudo foi feito para combater a homossexualidade, que ainda hoje é alvo de preconceito.
"Quem vê o filme fala que ‘nessa época já tinha isso’. Essa é a questão. A história mostra como ainda repetimos argumentos e ideologias de décadas atrás", disse a atriz Letícia na coletiva. "Ainda temos que levantar uma bandeira que nem deveria mais existir".
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