A esposa do rei George III é retratada na série Bridgerton por uma atriz negra após o estudo de seus antepassados
Wallacy Ferrari, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 04/07/2021, às 08h00
Uma figura de destaque na família real britânica teve suas características discutidas com o sucesso da série Bridgerton, da plataforma de streaming Netflix.
Nela, a rainha Charlotte compõe o elenco de protagonistas e faz parte da linha principal do enredo, mas sua adaptação fiel chama ainda mais atenção pela reprodução de sua descendência.
A personagem é vivida por Golda Rosheuvel, uma atriz negra, distinto das representações em pinturas, que clareiam a pele da monarca.
Sabendo disso, o site Aventuras na História reuniu alguns fatos documentados na trajetória da rainha com ascendência negra para embasar a adaptação de sucesso.
Confira 5 curiosidades sobre Charlotte, a "rainha negra".
Apesar de indícios históricos, a primeira prova de que Charlotte teve a ascendência comprovada foi em um extenso estudo divulgado em 1996 pelo historiador Mario de Valdes y Cocom, especialista em diáspora africana, como informa a BBC.
Na ocasião, ele foi até o programa Frontline, da emissora educativa norte-americana PBS, levantando a distância de 15 gerações da rainha com a africana Madragana Ben Aloandro, cujo registro de nascimento é atribuído em 1230. Madragana teria sido amante do rei português Afonso III, ligado diretamente a árvore genealógica de Charlotte.
A representação com a atriz negra em Bridgerton não é baseada apenas na genealogia, tamanha distância geracional, mas o trabalho de pesquisa da personagem envolvem documentos históricos.
Inclusive um, atribuído a um primeiro-ministro que governou na época de sua regência, que teria designado uma palavra semelhante a "mulata" para descrever a monarca, como registra o El País.
Usando as características faciais da rainha para descrevê-la pejorativamente, o trecho enaltecendo as características negras chama atenção: "Seu nariz é muito largo, e seus lábios, muito grossos”.
Com a relação baseada em documentos e ciência, a esposa do rei George III é comprovadamente a mais antiga pessoa na Família Real Britânica com o DNA negro a compor o grupo familiar — muito antes de Meghan Markle oficializar a união com o príncipe Harry.
Não apenas isso; ela ocupou uma posição de importância na monarquia, sendo rainha consorte e assumindo a titularidade do cargo durante o período de agravamento da saúde mental de seu marido, que não esteve apto para administrar os recursos nacionais. Com isso, foi a ocupante do trono por 57 anos e 70 dias, conforme reportamos anteriormente.
Apesar de oprimida pela sogra, seus hábitos e ideais puderam ser amplificados durante o período de seu reinado, se especializando em botânica, pintura e, em especial, pela música, contribuindo diretamente com grandes artistas da época.
Em 1764, protagonizou um episódio com dois grandes nomes da música clássica; Wolfgang Amadeus Mozart, tocou em um concerto onde a própria rainha cantou, posteriormente conhecendo um dos filhos de Johann Sebastian Bach, Christian, que era seu professor de música.
Apesar de não haver registro direto de Charlotte assinando como preta ou parda, a liberdade poética da autora do seriado Bridgerton, Julia Quinn, considerou "consciente" a decisão da produtora em permitir uma revisão histórica baseada em documentos e ciência, e não na representação unicamente das pinturas.
Em abril de 2021, a intérprete da personagem, Golda Rosheuvel, manifestou gratidão pela possibilidade de contar a história sem a orientação dos privilégios.
"Para ser capaz de criar o espaço onde você pode ter uma rainha negra no drama de época mais assistido da Netflix, pode ser capaz de quebrar os limites para abrir espaço para pessoas pretas e pardas estarem em uma representação pródiga, sexy, escandalosa e bela da vida. A jornada não acabou, mas definitivamente está na direção certa", disse a atriz, conforme republicado pela Rolling Stone.
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