Colma, a cidade dos mortos - Wikimedia Commons
Estados Unidos

“É sensacional estar vivo em Colma”: a curiosa cidade construída para proteger os mortos

Com mais de um milhão de habitantes, os moradores garantem que a atmosfera não é triste nem pesada por lá

Fabio Previdelli Publicado em 06/11/2020, às 11h00

Com cerca de 1.600 habitantes vivos e mais de um milhão e meio a sete palmos da superfície, a cidade de Colma, situada a 15 quilômetros ao sul de São Francisco, Estados Unidos, foi criada para proteger os mortos.

Para se ter uma ideia da singularidade da região, a infração de transito considerada mais grave por lá é dada quando algum veículo ultrapassa ou chega razoavelmente perto de um cortejo fúnebre.

Normalmente mais tranquila durante boa parte do ano, Colma costuma ganhar os holofotes quando se aproxima o Haloween. Receosa, a prefeita Helen Fisicaro não quer relacionar o município com contos de fantasmas ou lendas de terror. Mas é inevitável que a história do lugar e sua relação com os mortos chame a atenção dos mais curiosos.

Esta extravagante cidade conta com 17 cemitérios — 16 para pessoas e um para animais — contraídos em apenas 570 hectares. Ao passear por suas ruas, o que mais chama a atenção são as enormes fileiras de lápides de tamanhos diferentes que podem ser vistas em ambos os lados da estrada, dispostas em belos gramados. “É um lugar muito espiritual. Por isso, sou tão protetora disso tudo”, disse Fisicaro em entrevista à BBC.

Como essa história começou?

Em 26 de março de 1900, foi aprovada uma lei que dizia: “Não são mais permitidos enterros na cidade e no condado de São Francisco”. A febre do ouro, em meados do século 19, havia atraído centenas de milhares de pessoas para lá. E, com a chegada de novas pessoas, também chegaram novas enfermidades que aumentaram a taxa de mortalidade da região.

Em 1880, os 26 cemitérios da cidade estavam praticamente cheios e seus proprietários buscavam novos lugares para enterrar os mortos. Colma foi o destino selecionado, afinal, a cidade ficava próxima à São Francisco e era facilmente acessada pelo transporte de cavalos, bondes e trens, além de ter uma grande área livre disponível.

Mas as autoridades de São Francisco queriam ir mais além e, em 1912, o prefeito James Rodolph alertou que tinha a intenção de esvaziar os cemitérios locais. “A terra é para os vivos, não para os mortos”.

Dito e feito: em 14 de janeiro de 1914 foi emitida a lei 2597, que decretava que corpos enterrados fossem transferidos para outro lugar. Após uma longa batalha nos tribunais, aproximadamente 150.000 corpos foram realocados para Colma. Em São Francisco restaram apenas dois cemitérios. E, assim, a bela cidade da Califórnia voltou a ter apenas residentes vivos.

Ao contrário do que muitos pensam, a atmosfera em Colma não é triste nem pesada. Os habitantes de lá têm um lema que repetem com orgulho e que refletem seu senso de humor. “É sensacional estar vivo em Colma”.


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