Essencial para a sobrevivência dos astronautas, a aquisição dos artefatos no interior de São Paulo levanta uma indagação de décadas
Wallacy Ferrari Publicado em 28/11/2020, às 15h00 - Atualizado às 19h00
Em 20 de julho de 1969, o mundo teve a oportunidade de acompanhar o desembarque de três astronautas no satélite natural da Terra pela missão Apollo 11. Dadas as condições históricas da guerra espacial dos EUA contra a União Soviética, o marco era resultado de um longo trabalho, equipando as aeronaves insumos e utilitários suficientes para o triunfo — além das frustrantes e trágicas tentativas anteriores.
Um dos principais itens necessários para o sucesso da viagem era, justamente, a alimentação dos membros da tripulação, que recebiam um treinamento em solo para preparar refeições fora do planeta, levando comida suficiente para qualquer possibilidade de erro humano ou mecânico. O alimento mais importante na ocasião era a água, que não apenas servia para consumo, mas para preparar a comida armazenada.
Uma recomendação, no entanto, levantou um curioso fato sobre a origem da água usada na missão lunar; de acordo com um levantamento da revista Galileu, a cientista polonesa Marie Curie, vencedora de um prêmio Nobel de Química e outro de Física, visitou, em 1926, as instalações da companhia de água Lindoya, no interior de São Paulo, e se surpreendeu com as “qualidades terapêuticas da bebida” — projetando a empresa internacionalmente.
Água brasileira
Engarrafada em vidro e coletada da fonte São Sebastião, a quantidade de sais minerais presente na água indicou o equilíbrio certo para o consumo, chamando a atenção da NASA, de acordo com a empresa, para ter acesso ao material e, se válido, aplicar o mesmo para o consumo durante as missões espaciais.
Sabendo da qualidade da água mineral, a suposta solicitação da agência espacial americana surgiu pouco antes da missão, em abril de 1969, como comprova uma nota fiscal, presente no museu da cidade de Águas de Lindoya. A compra totalizou NCr$ 226,00, tendo a orientação de ser embalada em “caixas com tampa para viagem”.
O comprovante de número 20.218 foi emitido pela Cervejaria Amazonas, que é relacionada como filial de venda, responsável por passar 100 garrafas de 500ml da água Lindoya para o Rio de Janeiro, posteriormente direcionando o pedido para o Aeroporto Santos Dumont. Na cópia, é possível notar que a compra é direcionada à "Missão M. Americana".
Na mesma reportagem da Galileu, no entanto, uma contestação; Katherine Brown, responsável pela assessoria de imprensa da agência espacial, foi indagada sobre a origem da água utilizada na importante ocasião. A resposta da representante não confirmou a veracidade, mas também não contestou a possibilidade.
“Células de combustível a bordo da espaçonave Apollo forneceram água potável para a tripulação”, explicou Brown, em referência ao mecanismo que combinava oxigênio e hidrogênio para produzir água dentro da nave — porém, ela acrescentou: “É possível que a tripulação tenha bebido água engarrafada após o voo, mas não temos nenhum registro sobre a origem das garrafas”.
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