Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Reino Unido

O jovem que sofreu morte terrível em caverna e cujo corpo jamais foi recuperado

Estudante da Universidade de Oxford acabou sofrendo uma morte angustiante no ano de 1959, após ficar preso em uma caverna na Inglaterra

por Giovanna Gomes
ggomes@caras.com.br

Publicado em 13/04/2025, às 15h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Homens durante tentativa de resgate do jovem Neil Moss (à direita) - Divulgação/vídeo/Youtube/British Pathé
Homens durante tentativa de resgate do jovem Neil Moss (à direita) - Divulgação/vídeo/Youtube/British Pathé

Era 22 de março de 1959, especificamente por volta das 16h da tarde, quando o estudante universitário Oscar HackettNeil Moss, de 20 anos de idade, ficou preso em uma caverna na Inglaterra.

O rapaz, que era aluno da Universidade de Oxford, explorava uma fenda recém-descoberta na Peak Cavern — um sistema de cavernas próximo à vila de Castleton, no condado de Derbyshire — acompanhado por sete colegas espeleólogos.

Bastante corajoso, o jovem filho de um executivo da indústria do algodão decidiu ser o primeiro a descer pelo estreito poço de 45 centímetros de largura e cerca de 12 metros de profundidade.

Porém, pouco após iniciar a exploração da fenda em espiral, Moss se viu em uma delicada situação: preso pelos ombros, o homem de mais de um metro e noventa de altura era incapaz de se mover para cima ou para baixo.

Para piorar, o espaço reduzido e o formato de “saca-rolhas” do poço tornaram qualquer manobra de resgate extremamente difícil. E foram muitas tentativas.

Os esforços para salvar o universitário mobilizaram centenas de pessoas, incluindo espeleólogos amadores, membros da Marinha Real britânica e da Força Aérea. Mas, apesar do empenho, nenhum dos voluntários conseguiu libertá-lo e o jovem não sobreviveu.

A história trágica de Neil Moss foi contada no documentário de 2006 "Fight for Life: The Neil Moss Story", de David Webb.

Caverna onde o estudante ficou preso; homens carregam cilindros de oxigênio / Crédito: Divulgação/vídeo/Youtube/British Pathé

Sem oxigênio

Um fator importante a ser mencionado é que o ar no local começou a se deteriorar muito rapidamente, de modo que o inglês passou a respirar quantidades perigosas de dióxido de carbono.

De acordo com o Daily Mail, uma máscara de oxigênio chegou a ser enviada a Moss à meia-noite do dia 23, mas o espeleólogo amador já estava tão exausto e imobilizado que não conseguiu usá-la. "Ele ainda está falando, mas sua fala está arrastada", disse um socorrista à 1h15 daquela madrugada. O jovem chegou a perder a consciência mais de uma vez.

Um médico que passou nove horas no local tentando resgatar o rapaz declarou na época: "Só um milagre pode salvá-lo agora. Sua respiração está ficando cada vez mais fraca."

Tentativas arriscadas

Vários voluntários arriscaram suas vidas durante as tentativas de resgate. Ron Peters, um espeleólogo de Derby, chegou a morder as costas de Moss em uma tentativa desesperada de se aproximar mais.

Conseguiu subir o corpo do estudante cerca de 45 centímetros antes de ser vencido pela exaustão e pelos efeitos do dióxido de carbono. Outro jovem, Roy Fryer, de apenas 18 anos, também tentou chegar até Moss, mas teve que recuar devido à atmosfera tóxica.

Operação de resgate mobilizou centenas de pessoas / Crédito: Divulgação/vídeo/Youtube/British Pathé

Durante mais de dois dias, foram feitas tentativas de resgate com cordas, lascamento de rochas e até planos para escavar um túnel alternativo, mas sem sucesso.

Com a chegada de chuvas fortes e o risco de inundação, as equipes precisaram abandonar temporariamente o local. Ao retornarem, já não conseguiam mais ouvir a respiração de Moss. Às 3h da manhã do dia 24 de março, o estudante foi declarado morto.

Entrada selada

Com grande pesar, o pai de Neil, Eric Moss, que permaneceu o tempo todo próximo à entrada da caverna, solicitou que o corpo de seu filho fosse deixado onde estava, temendo novas mortes caso tentassem recuperá-lo. A entrada do poço foi então selada com pedras, transformando o local no túmulo final do rapaz.

No fim, Ron Peters foi condecorado com a Medalha George por sua bravura. Outros três socorristas, Les Salmon, John Thompson e o tenente de voo John Carter, receberam a Medalha do Império Britânico por seus esforços.