Gigantesca estrutura encontrada em águas próximas à ilha de Yonaguni, no Japão, vem sendo alvo de debates desde sua descoberta, em 1987
Publicado em 12/04/2025, às 10h00 - Atualizado em 14/04/2025, às 17h54
Uma admirável formação submersa chamou grande atenção do mundo em 1987, quando um mergulhador japonês chamado Kihachiro Aratake explorava as águas próximas à ilha de Yonaguni, no extremo sul das Ilhas Ryukyu, no Japão.
A 25 metros de profundidade, ele se deparou com o que parecia ser uma gigantesca estrutura esculpida, composta por degraus geométricos e linhas retas surpreendentemente precisas.
O mergulhador, que estava em busca de apenas um novo ponto para explorar, ficou profundamente impactado pelo que viu. "Sabe aquela sensação de arrepio? Meu cabelo ficou em pé, foi avassalador", contou Aratake.
O que ele encontrou ficaria conhecido como o Monumento de Yonaguni — uma formação rochosa colossal, com cerca de 50 metros de comprimento por 20 de largura, cuja aparência lembra uma pirâmide retangular. Acredita-se que a estrutura tenha cerca de 10 mil anos.
A descoberta gerou um debate acalorado entre cientistas, exploradores e curiosos do mundo todo. Seria aquilo uma obra da natureza ou os vestígios submersos de uma civilização antiga?
De acordo com o portal BBC, logo após a descoberta, o geólogo Masaaki Kimura, da Universidade de Ryukyu, passou a estudar intensamente o local. Ele defende que os sinais de intervenção humana são claros e afirma: "Acho que é muito difícil explicar sua origem como sendo puramente natural, por causa da vasta evidência da influência do homem nas estruturas."
Kimura e outros pesquisadores sugerem que a estrutura possa ter sido construída pelo povo Jomon, uma cultura pré-histórica que habitava o Japão há mais de 12 mil anos. Essa hipótese rendeu à formação o apelido de "Atlântida Japonesa".
Entre os indícios apontados por defensores da origem artificial estão escadarias em espiral, ângulos retos perfeitos, passagens estreitas e entradas arqueadas. Aratake, o descobridor, também acredita que a construção seja obra humana. "O que me faz acreditar que é feita pelo homem é a escadaria em espiral", observa.
No entanto, muitos geólogos discordam. Para Takayuki Ogata, também da Universidade de Ryukyu, as formações lembram aquelas encontradas em terra firme, especialmente em regiões sujeitas a atividades sísmicas.
Segundo esse grupo de especialistas, a estrutura está conectada a uma massa rochosa maior e possui camadas bem definidas que podem ter sido moldadas lentamente, com a ajuda de terremotos frequentes na região.
Known today as the Yonaguni Monument, this massive 50m-long-by-20m-wide behemoth is one of the world's most unusual underwater sites.
— Billy Zig (@BillyZigouras) March 13, 2023
Nicknamed Japan's Atlantis. Some mainstream scholars claim this is to be a natural site, while others claim that statement to be illogical... pic.twitter.com/Yy9pk8Xr8W
Makoto Otsubo, outro geólogo da mesma universidade, acrescenta que simetrias impressionantes ocorrem naturalmente, como é o caso da Calçada dos Gigantes, na Irlanda do Norte — uma formação de colunas de basalto criadas por atividade vulcânica há milhões de anos.
Apesar das divergências quanto à origem do monumento, uma coisa é certa: o local fascina quem o visita — e o mergulhador Kenzo Watanabe decidiu conhecer a formação antes que possíveis restrições de acesso fossem impostas.
Se fosse transformado em sítio arqueológico, havia rumores de que não poderíamos mais mergulhar ali, então decidi ir enquanto ainda era possível", disse ele à BBC.
"Depois de ver (o monumento), acho que não tem como não ter sido feito pelo homem, especialmente com todas aquelas superfícies planas. É realmente impressionante, tantas superfícies diferentes e formas simétricas. Definitivamente acho que não é natural", declarou o mergulhador.