Segunda temporada de The Last of Us chegou na Max neste domingo, 13, com uma breve cena com um grupo de girafas, mas que carrega um grande simbolismo
Publicado em 14/04/2025, às 01h30 - Atualizado em 15/04/2025, às 07h07
A segunda temporada de The Last of Us estreou no último domingo, 13, no serviço de streaming da Max em simultâneo com a HBO. O primeiro episódio, 'Dias Futuros', se passa cinco anos depois dos eventos da primeira temporada, mostrando um amadurecimento de Ellie (Bella Ramsey), mas também uma relação muito mais conturbada com Joel (Pedro Pascoal).
Sem muitos spoilers, logo no começo do episódio, após um breve diálogo entre Ellie e Joel (no passado), nos deslumbramos com a cena de algumas girafas se alimentando de plantas; enquanto o grupo liderado por Abby (Kaitlyn Dever) presta homenagem a alguns 'Vagalumes' que estão enterrados.
A passagem das girafas dura poucos segundos, mas é carregada de um simbolismo maior do que você pode imaginar. Afinal, o qual o significado das girafas em The Last of Us?
Mesmo se você apenas conheça The Last of Us pela adaptação da HBO, já deu para perceber que o universo da narrativa é sombrio e desolador. A humanidade está em ruínas, lutando para sobreviver contra o fungo Cordyceps.
Mas, ainda assim, existem momentos em The Last of Us, embora poucos, que nos dão um respiro de alívio em meio ao pessimismo. Tanto na primeira temporada da série quanto no primeiro jogo da saga, vemos Joel e Ellie encontrando uma família de girafas enquanto atravessam um prédio abandonado em sua jornada para o Hospital Saint Mary.
Apesar de também ser um momento curto, ela simboliza como a vida, mesmo em meio ao caos e ao seu aparente fim, sempre encontra um jeito de continuar. A cena com as girafas também servem para revigorar o espírito de esperança e inocência, mesmo num mundo devastado e desolado pelos infectados.
Como aponta matéria do Collider, ao longo de toda a trama, as girafas são usadas como símbolo de esperança, inocência e de como a vida pode seguir em frente. No prólogo do jogo, por exemplo, Sarah (a filha de Joel, vivida na série por Nico Parker), possui uma girafa de pelúcia em seu quarto; o que pode ser interpretado como um simbolismo da inocência do mundo antes que a infecção tomasse conta.
Já na DLC 'The Last of Us: Left Behind', elas são encontradas na máquina de pegar pelúcia no Raja's Arcade quando Ellie e Riley escapam para o shopping Liberty Gardens em Boston. Nesse momento, elas também simboliza a inocência enquanto as duas fogem da realidade do mundo tomada pela guerra entre a FEDRA e os Vagalumes. Aqui vemos uma sensação de escapismo enquanto as personagens abordam seus sentimentos uma pela outra.
Na série, por sua vez, a girafa está presente quando Ellie, Tess (Anna Torv) e Joel atravessam a cidade no segundo episódio da primeira temporada; quando eles também passam por uma pelúcia caída no chão.
Aqui, porém, a interpretação pode ser diferente, visto que a girafa está suja e destruída; como se estivesse servindo de alerta aos efeitos que os infectados causaram na esperança e na inocência do mundo, ou pode ser uma demonstração da esperança que ainda pode ser encontrada mesmo no estado atual e decrépito da vida presente.
Durante a viagem de Ellie e Joel, elas voltam a aparecer em diversos momentos. Dentro do jogo, em pôsteres promocionais de filmes como "Giraffic Park" ou nos zoológicos, que mostram ao público um vislumbre de um mundo intocado pelos cordyceps.
Outro momento acontece nos esgotos de Pittsburgh, quando eles passam pelo esconderijo de Ish (personagem que tem sua história contada através de cartas e bilhetes), onde as crianças de seu grupo fizeram desenhos de girafas nas paredes como parte da decoração para manter uma sensação do mundo que sentiam falta e para o qual desejavam retornar.
Na parte final, as girafas podem ser vistas ao longo das paredes da ala pediátrica do Hospital Saint Mary's; representando o desespero de Joel para voltar a vida que tinha, assim como a esperança de Ellie em salvar a humanidade do futuro terrível do qual ela faz parte.
Ainda em relação à primeira parte desta história, as girafas aparecem, agora sim, como animais de verdade, depois do angustiante encontro entre Ellie e o grupo de David e os canibais. Perturbada com tudo o que aconteceu, ela deixa de ser a criança corajosa e jovial que todos conhecem, passando a se tornar muito mais reservada e distante.
Assim, quando Ellie encontra uma família de girafas, algo que pode estar acontecendo pela primeira vez em sua vida, e Joel se junta a ela logo em seguida, isso traz um significado único para cada um deles; além, é claro, de fortalecer o vínculo pai-filha.
Para Joel, o momento serve de recordação de todos que ele perdeu e de como ele sente falta de ser pai, mas também mostra o quanto Ellie passou a representar em sua vida para a superação desse trauma.
Apesar de ser uma visão positivista, ela afeta diretamente as decisões dele no fim da primeira parte da trama; reacendendo uma vontade de retomar sua vida e de tudo o que sente falta, independente de quanto isso vai custar para a humanidade.
Já para Ellie, por fim, apesar dela prosseguir sua luta para confrontar seu trauma recente, a cena serve para ela retornar para si mesma; emergindo do encontro com David com um propósito: lembrar que a vida é muito mais do que a bolha terrível e sombria que eles vivem e que isso pode ser a chave para a sobrevivência humana. Esse momento de esperança dá a ela todo o necessário para se sacrificar até o fim e fazer tudo o que for preciso na luta contra os infectados.