O evento ocorreu praticamente do outro lado do mundo, mas teve consequência notáveis para o rumo da História desde então
Uma equipe de pesquisadores de diversos países utilizou registros históricos e climáticos para mostrar que a erupção de um vulcão, em 43 a.C. causou mudanças significativas no clima do planeta inteiro. Essas mudanças teriam auxiliado distúrbios políticos e sociais, sendo fundamentais para a fundação do Império Romano, por exemplo.
O vulcão Okmok, no Alaska, teve a maior erupção no hemisfério norte em 2.500 anos, com consequências dramáticas no clima. Os anos de 43 e 42 a.C. estão entre os mais frios já registrados, tornando a temperatura do mediterrâneo menos amena.
Não por acaso, registros encontrados na região apontam climas incomuns, colheitas pouco proveitosas, fome e doenças, mostrando que as civilizações mais poderosas da época sofreram com uma mudança tão brusca. O Egito de Cleópatra, por exemplo, teve sua pior fase na década de 40 a.C., com escassez de alimentos para a população uma vez que o Nilo não inundou como de costume.
O pesquisador Joe Manning, da Universidade de Yale, aponta um texto de 39 a.C. encontrado no Egito como uma prova cabal dessa teoria. As inscrições descrevem um governador que, em meio a um período de escassez, tentava encontrar comida para seu povo depois do Nilo não encher por diversos anos.
“Essa inscrição não descreve colapso ou resiliência”, afirma o pesquisador, “é uma história muito mais complicada de tentativas de sobrevivência e de como distribuir mantimentos durante um tempo extremamente caótico”.
Essa instabilidade no Egito fez com que os exércitos de Cleópatra — combatendo ao lado dos soldados romanos de Júlio César — não tivessem forças para retaliar os ataques — que vinham de insurgentes de dentro da própria Roma—, surgindo assim o período imperial com a derrota e morte de César e sua mulher.