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Notícias / Astronomia

Buraco negro gigante desperta e astrônomos registram fenômeno explosivo inédito

Novo estudo analisou buraco negro para traçar novas hipóteses sobre o que pode desencadear a atividade desses objetos cósmicos

por Giovanna Gomes
ggomes@caras.com.br

Publicado em 12/04/2025, às 07h36

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Impressão artística do disco de acreção ao redor do buraco negro 'Ansky' - Divulgação/European Agency Space
Impressão artística do disco de acreção ao redor do buraco negro 'Ansky' - Divulgação/European Agency Space

Um novo estudo sobre buracos negros traçou novas hipóteses sobre o que pode desencadear a atividade desses gigantescos objetos cósmicos. Apesar de sua fama imponente, os buracos negros supermassivos — aqueles com mais de um bilhão de massas solares — passam a maior parte do tempo em estado "dormente". Esse era o caso do buraco negro localizado no centro da galáxia SDSS1335+0728, situada a cerca de 300 milhões de anos-luz do Sistema Solar. No entanto, esse colosso pode ter despertado.

A pesquisa, publicada nesta sexta-feira, 11, na revista Nature Astronomy, investigou os sinais de reativação desse buraco negro e propôs novas explicações para eventos que podem “acordar” estruturas tão massivas.

Os primeiros indícios de atividade surgiram em 2019, quando cientistas detectaram flashes inéditos de luz e raios X a partir de observações feitas por telescópios terrestres e espaciais. O comportamento incomum levou a comunidade científica a acompanhar o objeto com atenção. Em 2024, foi confirmado que o buraco negro havia se tornado ativo. Com isso, passou a ser classificado como um núcleo galáctico ativo (AGN) e recebeu o apelido de Ansky.

“A opção mais tangível para explicar esse fenômeno é que estamos vendo como o [núcleo] da galáxia está começando a mostrar (...) atividade”, afirmou Lorena Hernández García, pesquisadora do Instituto de Astrofísica do Milênio (MAS) e da Universidade de Valparaíso, no Chile, em comunicado divulgado em 18 de junho de 2024. “Se for assim, esta seria a primeira vez que vemos a ativação de um buraco negro massivo em tempo real.”

Fenômeno explosivo

De acordo com o portal Galileu, esse despertar se encaixa no que os astrônomos chamam de erupção quase periódica (QPE), um fenômeno explosivo que nunca havia sido observado com tanta clareza. A descoberta permitiu calcular a energia liberada pelo buraco negro ao se tornar ativo e emitir seus intensos flashes de radiação.

Presentes nos centros das galáxias, os buracos negros supermassivos exercem uma força gravitacional colossal, atraindo gases, estrelas e até outros buracos negros. Ainda assim, nem tudo ao redor é absorvido. Parte do material permanece em rotação ao redor do buraco negro, formando o chamado disco de acreção.

Não se sabe ao certo como esses objetos alternam entre fases de inatividade e atividade. Uma das principais teorias é que as QPEs são desencadeadas pela interação de uma estrela com o disco de acreção — um processo geralmente associado à destruição estelar. No entanto, no caso de Ansky, não há evidências de que uma estrela tenha sido consumida.

Com isso, os cientistas consideram outras hipóteses. Uma possibilidade é que um objeto menor, como uma estrela compacta ou mesmo um pequeno buraco negro, esteja cruzando o disco de acreção de maneira recorrente. A cada passagem, o objeto colidiria com o material em rotação, gerando choques violentos e liberando enormes quantidades de energia na forma de flashes de luz e raios X.

“As explosões de raios X do Ansky são dez vezes mais longas e dez vezes mais luminosas do que as que vemos em um QPE típico”, observou Joheen Chakraborty, doutorando no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e integrante da equipe de pesquisa.

Enquanto as causas exatas do fenômeno seguem sendo investigadas, os cientistas continuam monitorando Ansky com entusiasmo. As erupções registradas até agora ocorrem em uma cadência inédita: a cada 4,5 dias, aproximadamente — a mais alta já detectada em eventos desse tipo.

Esse comportamento torna Ansky um alvo de grande valor para compreender melhor a natureza dos buracos negros supermassivos. “Para QPEs, ainda estamos no ponto em que temos mais modelos do que dados, e precisamos de mais observações para entender o que está acontecendo”, comentou Erwan Quintin, pesquisador da Agência Espacial Europeia (ESA).