Além de se tornar filósofa e escritora, Helen também foi uma grande ativista
Lucas Peçanha Publicado em 19/08/2024, às 16h30
“A cegueira nos separa das coisas. Mas a surdez nos separa das pessoas”. A frase foi dita por Helen Adams Keller, nascida em Tuscumbia, localizada no Noroeste do Alabama, Estados Unidos, em 27 de junho de 1880. Filha de um capitão aposentado, Helen contraiu uma doença desconhecida, diagnosticada como febre cerebral, ainda muito jovem, com um ano e sete meses de idade.
A doença não poderia ser mais catastrófica para a pequena Helen, que acabou por deixá-la surda e cega. As dificuldades que a garota passava culminaram em torná-la bastante temperamental e irritável, gritando e tendo acessos de mau humor constantemente.
Poucos meses antes de completar sete anos de idade, Helen passou a ser auxiliada pela professora, que foi contratada pela sua família e passou a morar em sua casa. Professora essa que mudaria a vida de Helen para sempre.
Aquela que viria a se tornar a professora de Helen Keller teve uma infância bastante traumática. Anne Sullivan tinha um irmão mais novo chamado Jimmie, que veio a falecer ainda jovem em decorrência de uma tuberculose. Antes desse ocorrido, Anne foi vítima da pobreza e dos abusos físicos por parte de seu próprio pai, que era alcoólatra.
Aos cinco anos, Anne contraiu tracoma, uma doença inflamatória ocular que quase a levou à cegueira. Porém, após passar por uma série de operações, ela conseguiu recuperar parte da visão, passando a enxergar parcialmente. Em 1866, se graduou com a oradora de sua sala no Instituto Perkins para Cegos e, a partir daí, tornou-se professora de Helen.
Devido a sua condição, Helen foi alfabetizada por meio do método Tadoma, no qual a pessoa surdo cega colocava o polegar na boca do falante e os dedos ao longo do queixo. Após três meses de acompanhamento, Anne conseguiu fazer Helen entender o significado das palavras que eram soletradas em suas mãos.
A primeira palavra aprendida por Helen foi água, que foi soletrada em uma de suas mãos e sentida na outra. Graças a essa técnica, Helen foi capaz de aprender trinta palavras em um único dia.
Bastante dedicada, mais tarde chegou a aprender tanto o alfabeto Braille, quanto o manual, facilitando ainda mais as suas habilidades de escrita e leitura. Em 1890, Helen quis dar um passo além, e pediu para Anne ensiná-la a falar. Portanto, foi matriculada no Instituto Horace Mann para surdos, em Boston, e posteriormente na Escola Wright-Humason Oral School, em Nova York, onde pôde receber aulas de linguagem falada e leitura labial.
Seis anos depois, em 1896, Helen entrou para a Escola de Cambridge. Impressionado com o talento da garota, um renomado empresário decide presenteá-la com uma bolsa de estudos para o Radcliffe College, uma instituição de ensino superior localizada em Cambridge, Massachusetts.
Após se formar no Radcliffe College, Helen escreveu sua autobiografia, intitulada “A História da Minha Vida”, publicada em 1902.
Após se graduar em filosofia, Helen desenvolveu diversos trabalhos em favor das pessoas com deficiência, participou de campanhas pelo voto feminino e pelos direitos trabalhistas.
Em 1924, foi nomeada conselheira em relações nacionais e internacionais da American Foundation for the Blind e, no mesmo ano, começou uma campanha para levantar verbas para a criação do Fundo Helen Keller.
A partir de 1946, Helen iniciou uma série de viagens ao redor do mundo. Visitando inclusive o Brasil, em 1953, sendo convidada oficial do governo brasileiro com o apoio de Dorina Nowill, uma educadora que dedicou a sua vida em prol dos deficientes visuais. No nosso país, recebeu a Ordem do Cruzeiro do Sul, além de diversas outras condecorações mundo afora.
Anne Sullivan, após acompanhar Helen durante incríveis 49 anos, veio a falecer em 1936, em decorrência de uma trombose coronária, enquanto segurava a mão de sua eterna aluna e amiga.
Hellen Keller faleceu no dia 1 de junho de 1968, na cidade de Easton, Connecticut. Suas cinzas foram deixadas na Capela de São José na Catedral de Washington, ao lado das cinzas de Anne Sullivan. Ainda em 1968, foi lançada um drama biográfico baseado na autobiografia de Helen, chamado “O Milagre de Anne Sullivan”.
A vida de Helen Keller foi cercada de luta, determinação e esforço, sendo considerada uma das principais ativistas do século XX. “As melhores e mais lindas coisas do mundo não se podem ver nem tocar. Elas devem ser sentidas com o coração”, dizia ela.
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