Com estreia prevista para o próximo dia 13 de março, o filme 'Vitória' irá retratar a determinação da mulher que desafiou o crime organizado
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 27/02/2025, às 20h00
A história de coragem e resistência de Dona Vitória Joana da Paz, que desafiou o tráfico de drogas na Ladeira dos Tabajaras, no Rio de Janeiro, ganhou as telonas.
O filme 'Vitória', estrelado pela atriz Fernanda Montenegro, é inspirado no livro homônimo do jornalista Fábio Gusmão, que acaba de ser relançado nas livrarias brasileiras.
Em entrevista ao site Aventuras na História, Gusmão relembrou como essa narrativa impressionante chegou até ele.
Dona Vitória, pseudônimo de Joana Zeferino da Paz — uma senhora de quase 80 anos —, tornou-se símbolo de luta pela justiça ao registrar com uma câmera a movimentação criminosa da quadrilha que atuava na comunidade.
Quando esbarrei nesse caso, não existia ainda a figura de Dona Vitória. Era uma senhora em busca de justiça, que deixou com a polícia sete ou oito fitas sobre o tráfico de drogas”, conta Gusmão.
As imagens revelavam cenas cotidianas de traficantes armados na Ladeira dos Tabajaras, uma realidade comum na capital fluminense em 2004. Ao assistir às gravações, o jornalista percebeu que tinha nas mãos uma história extraordinária: "Ela fez um diário eletrônico sobre que ela estava vivendo e o que ela já tinha percorrido, em busca de ajuda das autoridades".
Era a narrativa dela, da janela para dentro, mostrando não só o crime, mas também sua angústia e a busca incessante por ajuda”, lembra.
Conhecedor da violência na região, Gusmão ficou impactado com a proximidade da idosa com o perigo. “Ela morava a menos de 200 metros do ponto de tráfico e até discutia com os criminosos. Cheguei a ver marcas de tiro na janela dela”, revela.
O jornalista também comentou o passado marcado por crimes na Ladeira dos Tabajaras, relembrando as origens do tráfico na região, que se tornou um local importante para o Comando Vermelho:
"O tráfico de drogas ali sempre foi algo forte. Em meados dos anos 90, por exemplo, você tinha na região um baile funk que era promovido pelo tráfico, para aumentar as vendas. Era muito popular e famoso, e as pessoas que frequentavam o tornaram muito conhecido no Rio de Janeiro", relembra Fábio.
Já moradora da Ladeira dos Tabajaras nos anos 1990, Dona Vitória iniciou suas colaborações com a polícia nessa época. De início, houve uma cooperação por parte dos policiais ao acatarem as denúncias. Mas, pouco tempo depois, Vitória passou a investigar a região por conta própria, até a criação do disk-denúncia.
Apesar das inúmeras denúncias feitas às autoridades ao longo dos anos, foi apenas com a divulgação da reportagem especial no jornal Extra que a história ganhou repercussão e as ações de proteção foram aceleradas.
A publicação resultou no resgate imediato de Dona Vitória, que precisou deixar seu apartamento às pressas, sendo encaminhada a um programa de proteção à testemunha. Segundo Gusmão, a operação foi bem-sucedida, garantindo a segurança da idosa e permitindo que ela recomeçasse sua vida em outra cidade.
Duas décadas depois, a republicação do livro traz atualizações e revela detalhes inéditos dessa trajetória. “Na primeira edição, omiti algumas informações para preservar a vida dela, mas agora podemos contar mais dessa história com algumas surpresas”, explica o autor.
Com estreia confirmada para o próximo dia 13, o filme 'Vitória' promete emocionar o público ao retratar a força e determinação dessa mulher que, munida apenas de uma câmera, desafiou o crime organizado em busca de um futuro mais seguro para sua comunidade.
Ao falar sobre o filme, Gusmão que a ideia surgiu em 2016 e que, à época, Vitória — ainda viva — se empolgou com o projeto: "Desde o começo ela falava que gostava muito da Fernanda Montenegro. Ela citava o 'Central do Brasil' e como a atriz foi incrível. Ela não só aprovava a ideia do filme, como queria mesmo que acontecesse."
Vitória, infelizmente, morreu em 22 de fevereiro de 2023, um ano antes da finalização do longa, e sua verdadeira identidade — Joana Zeferino da Paz — foi revelada apenas neste dia, depois de 97 anos de vida.
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