O médium brasileiro falecia há 20 anos, deixando dezenas de psicografias que marcaram a história do espiritismo
Wallacy Ferrari Publicado em 29/06/2022, às 20h17 - Atualizado às 20h29
Francisco Cândido Xavier tornou-se nacionalmente conhecido como Chico Xavier através de seus poderes mediúnicos, principalmente por suas notáveis psicografias de cartas que, por um lado, serviram como esperança para o espiritismo e exercício divino de muitos fiéis, como foi contestada por contrários ao médium.
A imagem de Chico é notoriamente associada aos recebimentos espirituais e transcrições, marcados por sua mão esquerda, cobrindo o rosto ao se apoiar na testa, e a mão direita pela escrita rápida, muitas vezes respeitando a caligrafia, conhecimento ortográfico e vícios de linguagens das pessoas falecidas a quem representava na escrita.
Os inúmeros registros de sua atuação espiritual foram catalogados em livros, cartas e até em aparições televisivas, como nas ocasiões em que psicografou cartas no programa de auditório ‘Pinga-Fogo’, transmitido pela extinta Rede Tupi.
Contudo, qual seria a veracidade desse material em relação aos fatos escritos?
Tal questão foi avaliada em extensa pesquisa realizada pelo Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), traçando uma linha de estudos sobre os fatos colocados nas cartas de Chico Xavier e concluindo, em 2014, que o material relatado era verídico.
Todavia, é necessário enfatizar que o estudo 'Investigating the Fit and Accuracy of Alleged Mediumistic Writing: A Case Study of Chico Xavier’s Letters' NÃO comprova que as cartas de Chico Xavier foram elaboradas por um espírito. O que foi provada é a veracidade do conteúdo presente nas cartas.
A pesquisa, liderada pelo psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, foi iniciada em 2011 a partir do pós-doutorado dos pesquisadores Denise Paraná e Alexandre Rocha, que tiveram acesso a um lote de cartas psicografadas pelo médium.
13 cartas feitas por ele eram atribuídas a um homem chamado Jair Presente, que faleceu em um incidente de afogamento em 1974, na cidade de Americana, no interior de São Paulo.
Ainda naquele ano, a família do rapaz buscou Chico para obter um sinal de Jair após a morte, tendo as 13 cartas psicografadas em nome dele até o ano de 1979.
Comparando as informações dos textos, os pesquisadores extraíram 99 trechos para análise factual, concluindo que Chico conseguiu acertar, de maneira exata, fatos objetivos — sem informações genéricas, como em casos de charlatanismos.
As informações comunicadas nas cartas eram precisas (nomes, datas e descrições de fatos acontecidos na vida da família) e verídicas (nenhuma informação comunicada nas cartas estava incorreta ou era falsa)”, afirmou Almeida em entrevista ao UOL em 2014.
O pesquisador enalteceu ao veículo que a probabilidade de Chico ter tido acesso a estas informações era "extremamente remota", além de privadas pela família. Além disso, informações como o falecimento da madrinha da mãe de Jair, relatado em uma das cartas, era desconhecido pela própria família.
"Houve casos, por exemplo, nos quais nem as pessoas que foram obter a carta com Chico Xavier tinham aquela informação que estava na mensagem", explicou Almeida em 2014, conforme repercutido pelo O Globo na época. "Apenas posteriormente foi feita uma investigação pelos próprios familiares para descobrir que aquelas informações eram também verídicas".
Em setembro de 2014, a publicação foi validada pela revista científica Explore, editada na Holanda.
+Confira abaixo a entrevista exclusiva do Aventuras na História com o jornalista e biógrafo Marcel Souto Maior, que acompanhou Chico Xavier em seus anos finais:
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