A revelação de 10 agentes russos, que formaram falsos “casais americanos típicos”, deu uma ideia a um produtor ex-agente da CIA
Thiago Lincolins Publicado em 11/04/2018, às 07h01 - Atualizado em 12/04/2018, às 14h26
No fim da União Soviética e primeiros anos da Rússia moderna, entre 1990 e 2000, dez espiões foram enviados pelo Serviço de Inteligência Estrangeira pra os Estados Unidos. Isto é, dez que foram descobertos: um espião bem-sucedido é o que não fica famoso, afinal.
Em território americano eles se passavam por cidadãos comuns – falavam inglês fluente, tinham empregos e até filhos. Sua missão era estabelecer contato com pessoas influentes para assim conseguirem acesso a informações confidenciais que pudessem ser úteis ao serviço secreto russo.
O esquema de espionagem foi descoberto e derrubado pelo FBI em 2010, durante a Operação Ghost Stories, ou Illegals Program, para o Departamento de Justiça dos EUA.
Em 2013, o ex-agente da CIA e produtor Joe Weisberg encontrou nesse cenário uma oportunidade de criar um enredo. Assim nascia o seriado The Americans. A série mostra a história de Elizabeth e Philip Jennings, dois espiões da KGB que vivem como um típico casal americano em Washington, DC, com os seus dois filhos, Paige e Henry. O seu vizinho Stan Beeman é um agente do FBI que trabalha no esquema de contra-espionagem.
"O cenário moderno não era uma boa ideia. As pessoas ficaram chocadas com o escândalo de 2010, porque não parecia mais que nós realmente éramos inimigos da Rússia. Uma maneira óbvia de remediar isso para a televisão era levar o cenário à Guerra Fria", disse Weisberg em entrevista à Time. Weisberg passou a ação para os tempos da Guerra Fria, se houve casais de espiões russos se passando por americanos, foram competentes o bastante para não terminarem revelados.
(Uma história famosa do Brasil indica que provavelmente havia outros casais. O brasileiro Luís Carlos Prestes e a alemã Olga Benário foram enviados para cá em 1934 para uma missão de Moscou. Olga era sua guarda-costas e disfarçaram-se de um casal português, acabando numa relação de verdade.)
Veja a seguir quais foram os espiões da vida real que inspiraram a criação da série.
O casal vivia num apartamento em Nova Jersey com duas filhas, Lisy e Katy. Na época da prisão as meninas tinham respectivamente 9 e 11 anos. Ambos foram enviados para os EUA com o objetivo de obter informações sobre o programa nuclear do Irã e também para espionar as últimas negociações para a assinatura do Tratado de Redução de Armas. O casal foi deportado para a Rússia e em seguida pôde reencontrar as filhas. Hoje eles possuem o direito de voltar a viver na América.
Quando o esquema de espionagem foi descoberto pelo FBI, Peláez era a única não russa no meio dos espiões. Ela e o marido, Juan Lazaro – que se dizia uruguaio – têm dois filhos. No entanto, Lazaro na verdade se chamava Mikhail Anatolyevich Vasenkov e era um dos espiões envolvidos no esquema. O casal foi deportado para Moscou, porém se mudou de vez para o Peru em 2013.
O casal morava em Seattle e depois se mudou para o Condado de Arlington, na Virgínia. Zottoli trabalhou como contador em empresas de telecomunicações e como vendedor de carros. Já Pereverzeva era uma dona de casa que cuidava do filho, Kenny. Em 2009 o casal teve outra criança. A dupla foi desmascarada pelo FBI após a descoberta das transmissões de rádio codificadas que recebiam.
Este casal envolvido no esquema de espionagem morava inicialmente no Canadá. Depois de anos se mudou para a cidade de Cambridge, em Massachusetts. Eles tinham dois filhos, Tim e Alex, que nunca desconfiaram da verdadeira identidade dos pais. Após serem desmascarados pelo FBI foram deportados para Moscou.
Diferentemente da maioria dos agentes, Semenko foi um dos únicos que não adotaram um nome diferente. Fluente em inglês, mandarim e espanhol, trabalhou para a Conference Board em Nova York e em seguida para a agência de viagens Travel All Russia. Foi preso após aceitar US$ 5.000 de um agente do FBI disfarçado de agente secreto russo.
Filha de um ex-funcionário da KGB, Chapman foi a espiã do esquema que mais recebeu atenção da mídia americana após a prisão. Acusada de conspiração com o governo russo para fins de espionagem, se declarou culpada e foi deportada em julho de 2010. De volta à Rússia, ela trabalhou como chefe de um conselho de jovens, modelo e por ironia até dirigiu uma série de televisão.
Outer Banks: Série de sucesso da Netflix é baseada em história real?
O Rei Leão: Existe plágio por trás da animação de sucesso?
Ainda Estou Aqui: O que aconteceu com Eunice Paiva?
Ainda Estou Aqui: 5 coisas para saber antes de assistir ao filme
Afinal, Jesus era casado e tinha filhos? Saiba o que dizem pesquisadores
Vitória de Donald Trump representa 'risco de turbulências', avalia professor