Criado em Berlim, o artista alemão refletia o anti-nazismo e antifascismo em suas obras durante o conflito mundial
Pamela Malva Publicado em 27/01/2020, às 17h30
Em tempos de governos autoritários, artistas de opiniões contrárias encontram formas de se expressar e dizer o que têm vontade. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a música Cálice, de Chico Buarque, durante a Ditadura Militar; ou com Óssip Mandelstam, no governo de Stalin.
A arte também foi a saída encontrada por Helmut Herzfeld, um artista visual alemão nascido em Berlim. Ainda jovem, ele mudou seu nome para John Heartfield, a fim de protestar contra a varredura de fervor anti-britânica durante a Primeira Guerra Mundial.
Nos anos que se seguiram, John começou a usar a técnica da fotomontagem para se posicionar contra o nazismo e o fascismo, publicando suas produções em revistas, livros e pôsteres. Tudo começou quando ele e George Grosz, outro artista, experimentaram a técnica em 1916.
Em 1918, já conhecido como um artista dadaísta, John entrou para o recente Partido Comunista Alemão (KPD). No ano seguinte, foi demitido de seu serviço pelo apoio ao partido e, junto de George, criou a Die Pleite, uma revista satírica de humor ácido.
Foi a partir desse momento que Heartfield passou a criar suas fotomontagens políticas com declarações anti-nazistas e antifascistas. Com elas, ele se posicionou no cenário crítico e foi convidado a trabalhar nos periódicos Die Rote Fahne e Arbeiter-Illustrierte-Zeitung (AIZ).
Em 1920, o artista já tinha suas produções em capas de livros e, através das rotogravuras, conquistou as ruas de Berlim. A técnica consistia em desenhos gravados em um prato ou cilindro de impressão e carimbados em sequência, para gerar uma grande quantidade.
Assim, as fotomontagens de Heartfield poderiam ser vista em cada canto da cidade entre 1932 e 1933, mais ou menos na mesma época quando os nazistas chegaram ao poder. Foi por isso, inclusive, que o artista fugiu do país — em 1933, ele já estava em quinto lugar na lista dos mais procurados da Gestapo, a polícia oficial secreta da Alemanha nazista.
Suas mais de 240 fotomontagens, criadas entre 1930 e 1938, são conhecidas por satirizar figuras como Adolf Hitler, a suástica, Hermann Göring e Joseph Goebbels. Seu objetivo era sempre subverter tais símbolos nazistas e, então, minar seu papel propagandístico durante a Segunda Guerra.
Com esse intuito em mente, ele teve de produzir peças polêmicas, que chamassem atenção e entregassem a mensagem desejada. Esse é o caso de Adolf, o Super-Homem, obra na qual, por exemplo, moedas de ouro substituem o esôfago de Hitler.
Anos depois do fim da guerra, Heartfield preparou uma exposição com suas obras na Grã-Bretanha, que foi posteriormente concluída por Gertrud, sua esposa, e pela Academia de Artes de Berlim, em 1969. John, entretanto, morreu em abril de 1968, na Berlim Oriental, devido a uma doença com a qual ele lutou a vida toda.
Confira mais algumas das fotomontagens do artista:
+Saiba mais sobre as Guerras Mundiais através das obras abaixo
Os fornos de Hitler, de Olga Lengyel (2018) - https://amzn.to/2RukYsM
A Primeira Guerra Mundial, de Martin Gilbert (2017) - https://amzn.to/2U1bcQt
A Segunda Guerra, de Martin Gilbert (2014) - https://amzn.to/2tXbtcB
Os mitos da Segunda Guerra Mundial, compilado por Jean Lopez e Olivier Wieviorka (2020) - https://amzn.to/2vt6GQL
Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, assinantes Amazon Prime recebem os produtos com mais rapidez e frete grátis, e a revista Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.
Casa dos irmãos Menendez vira pesadelo para vizinhos após série da Netflix
Abdução em Manhattan: A história real da nova minissérie da Netflix
Irmãos Menendez: A outra série que retratou o polêmico caso de Lyle e Erik
Irmãos Menendez: Como foi encontrada a carta que pode tirar Lyle e Erik da prisão?
Conheça o filme inventado pela CIA para retirar um grupo de americanos do Irã
Gladiador 2: Entenda o que mudou na história de Lucius no novo filme