Justiça do Reino Unido determinou sigilo do documento, porém um jornal inglês de renome defende que documento é de interesse público
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 22/11/2021, às 13h31
No último mês de setembro de 2021, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu que o testamento do príncipe Philip, marido da Rainha Elizabeth II, que faleceu em abril aos 99 anos de idade, será mantido em segredo durante os próximos 90 anos.
A família real britânica fez esse pedido por sigilo na Justiça pelo fato de constar na legislação do país que esses documentos devem ser tornados automaticamente públicos após o óbito da pessoa que o escreveu.
Dessa forma, qualquer um pode ter acesso aos últimos desejos de um cidadão inglês após minutos de pesquisa na internet.
De acordo com informações repercutidas pelo UOL nesta semana, o motivo por trás dessa lei seria garantir que os bens do falecido serão distribuídos de acordo com suas orientações.
A medida permite, por exemplo, que os beneficitários saibam o que receberão, e que não estão sendo vítimas de nenhuma injustiça.
Não é a primeira vez, no entanto, que membros da realeza britânica entram com pedidos para serem exceção à essa regra.
O primeiro a ter seu testamento tornado privado foi o príncipe Francis, que era irmão mais novo da Rainha Mary, lá no ano de 1910.
Conforme documentado pelo The Guardian, o nobre teria supostamente deixado algumas joias de família de herança para uma amante. O sigilo, neste contexto, seria uma forma de evitar um escândalo sexual.
Desde então, inúmeros outros integrantes da monarquia inglesa fizeram o mesmo. No total, existem cerca de 30 envelopes selados contendo testamentos da realeza que não tem data para serem revelados. O de Philip é o primeiro a receber uma previsão para ser revelado ao público, o que já é algo inédito, conforme uma matéria de setembro da BBC.
Entre o restante dos envelopes, existem o da primeira rainha Elizabeth (também conhecida como Rainha Mãe), e a princesa Margareth, irmã da soberana atual.
Todos os britânicos tem seus desejos finais registrados em arquivos públicos do governo do Reino Unido. Assim, muitos se perguntaram por que a Família Real mereceria um tratamento diferenciado.
O juiz Andrew McFarlane, responsável pela decisão relativa ao documento escrito por Philip, explicou seu entendimento da situação da seguinte forma:
"A resposta à pergunta 'por que deveria haver uma exceção para os membros mais antigos da família real?' é, a meu ver, claro: é necessário aumentar a proteção conferida à vida privada deste grupo único de indivíduos, a fim de proteger a dignidade e a posição do papel público do soberano [neste caso, a Rainha Elizabeth II] e de outros membros próximos de sua família", colocou ele.
Ainda de acordo com o profissional, não existe um verdadeiro interesse público conectado à divulgação desta informação, apenas "curiosidade pública".
Andrew ainda apontou que a imprensa apenas queria saber o conteúdo do termo por motivos comerciais.
Falando em imprensa, a defesa do jornal britânico The Guardian discordou da perspectiva do juiz, e entrou recentemente com recurso pedindo para que a divulgação ao público do testamento de Philip fosse reavaliada. Caso ganhe, o marido de Elizabeth II terá o mesmo tratamento que outros cidadãos ingleses.
De acordo com informações repercutidas pelo UOL, o veículo argumentou que manter o conteúdo do documento em segredo durante 90 anos feriria o "princípio de justiça aberta". Resta agora aguardar qual será o resultado da batalha judicial entre a Família Real e a publicação.
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