'O Homem que Quer Viver Para Sempre': Qual medicamento Bryan Johnson faz uso?

Na semana passada, a Netflix lançou um documentário intitulado "O Homem que Quer Viver Para Sempre", que segue a vida do bilionário Bryan Johnson.

Johnson, um empresário de tecnologia radicado em Los Angeles, tem se dedicado a um conjunto rigoroso de práticas de saúde e bem-estar, muitas delas controversas, com o objetivo não apenas de interromper o processo de envelhecimento, mas também de rejuvenescer seu corpo. Mas qual medicamento ele usa?

Remédio da vida 'eterna'?

O filme revela as práticas e os métodos inusitados que Johnson adota em sua busca pela longevidade, destacando sua utilização da rapamicina, uma substância que ele acredita ser fundamental para prolongar sua vida.

A rapamicina é um medicamento derivado de bactérias encontradas no solo da Ilha de Páscoa, especificamente da espécie Streptomyces hygroscopicus. Descoberta em 1972, esta substância é tradicionalmente utilizada na medicina para pacientes que passaram por transplantes de órgãos, pois ajuda a suprimir o sistema imunológico e evitar rejeições.

Segundo a médica Elodia Avila, especializada em nutrologia e homeostase endócrina, a rapamicina atua inibindo uma proteína chamada mTOR. Esta proteína é crucial no controle do crescimento celular e no metabolismo, além de estar diretamente ligada ao processo de envelhecimento.

A inibição do mTOR pode induzir processos benéficos nas células, como a autofagia — um mecanismo que promove a limpeza celular —, além de reduzir inflamações e otimizar o metabolismo", explica Avila ao portal Metrópoles.

Acredita-se que a rapamicina pode contribuir para o aumento da longevidade, especialmente entre aqueles que buscam retardar os efeitos do envelhecimento. A médica ressalta: "Alguns estudos sugerem que a rapamicina tem potencial para desacelerar processos degenerativos associados ao envelhecimento".

No documentário, Bryan Johnson é visto tomando 13 comprimidos de rapamicina, embora não revele com que frequência realiza este tratamento. De acordo com Elodia Avila, a dosagem segura e a frequência ideal para o uso deste medicamento visando o prolongamento da vida humana ainda não estão claramente estabelecidas, sendo necessária uma investigação mais aprofundada.

Avila observa que experimentos realizados em modelos animais, como camundongos e leveduras, demonstraram aumentos significativos na longevidade quando tratados com rapamicina. Contudo, as evidências disponíveis sobre seus efeitos em humanos permanecem limitadas e inconclusivas.

"Nos estudos em animais, foi observado que a rapamicina pode atrasar o surgimento de doenças relacionadas ao envelhecimento e melhorar funções imunológicas, além de aumentar a expectativa de vida em mais de 14%", acrescenta.

Ainda segundo a especialista, alguns ensaios clínicos iniciais apontam para benefícios relacionados à saúde metabólica e à função imunológica em pacientes tratados com rapamicina. No entanto, ela enfatiza a necessidade de mais estudos clínicos robustos que possam confirmar qualquer impacto direto na longevidade humana.

Elodia Avila também alerta sobre os potenciais efeitos colaterais associados ao uso da rapamicina. Entre eles estão um aumento na suscetibilidade a infecções devido à sua ação imunossupressora, elevação dos níveis de glicose no sangue, riscos cardiovasculares aumentados e dificuldades na cicatrização de feridas.

Dado seu potencial forte e as consequências possíveis do uso indevido, ela recomenda que a rapamicina seja administrada apenas sob rigorosa supervisão médica.

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