Mais de 500 mil pessoas já morreram nos EUA vítimas da crise de opioides
Giovanna Gomes Publicado em 12/09/2023, às 18h04 - Atualizado em 18/01/2024, às 10h59
A epidemia de opioides nos Estados Unidos, que já causou mais de 500 mil mortes, foi impulsionada por estratégias agressivas de marketing farmacêutico, prescrições excessivas de médicos, além de falhas regulatórias governamentais e pressões sociais para o uso generalizado de analgésicos.
Lançado em 2023, o livro "Império da Dor" de Patrick Radden Keefe investiga a ascensão e queda da família Sackler, dona da Purdue Pharma, fabricante do analgésico OxyContin (oxicodona), que desempenhou um papel significativo na epidemia de opioides. Vale lembrar que a história inspirou a série de mesmo que foi lançada pela Netflix neste ano.
No livro, o autor analisa documentos, até então sigilosos, como e-mails e memorandos internos da empresa, e revela resultados de mais de cinco anos de pesquisa, durante os quais conduziu mais de 200 entrevistas.
A obra dedica uma parte substancial à história de Arthur Sackler, que, embora não estivesse diretamente envolvido na moderna Purdue Pharma, é considerado o "inventor" das estratégias de marketing usadas para promover o OxyContin.
Essas estratégias incluíam pagamentos aos médicos, relações inacreditáveis com órgãos reguladores do governo dos EUA e falta de prudência com os riscos de dependência do medicamento. Richard Sackler, sobrinho de Arthur e presidente da Purdue Pharma entre 1999 e 2003, desempenhou um papel central no desenvolvimento e promoção do OxyContin, encorajando uma "nevasca de prescrições" para a droga.
Como resultado, o medicamento, que gera enorme dependência após o uso, logo se tornou alvo de pessoas que procuravam um 'conforto'. Sem controle, o medicamento se tornou uma droga perigosa e fatal.
Apesar das crescentes evidências dos efeitos trágicos do OxyContin, a Purdue Pharma adotou táticas como lobby para enfraquecer regulamentações, acordos judiciais fora da visão dos tribunais e até mesmo suborno e fraude, para continuar vendendo o medicamento.
No ano de 2010, o medicamento foi reformulado a fim de dificultar o abuso, porém muitas pessoas, já viciadas, passaram a buscar alternativas como heroína e fentanil. Este último compreende uma droga sintética cem vezes mais forte do que a morfina.
A Purdue Pharma agora enfrenta inúmeras ações legais, mas nenhum membro da família Sackler ou executivo foi obrigado a reconhecer a culpa.
Devido ao seu histórico, o nome Sackler tornou-se controverso, com museus e universidades recusando doações da família. A empresa está falida, e há esforços legais em andamento para recuperar parte da fortuna dos proprietários, mas o sucesso é incerto.
Embora o OxyContin não tenha sido o único medicamento a gerar a epidemia de opioides, ele foi, certamente, uma das drogas protagonistas da crise.
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