Aos 10 anos de idade, o menino sonhava em assistir a um jogo de futebol ao vivo. Mesmo morando a cinco minutos do Maracanã, todavia, ele nunca conseguiu colocar seus pés no estádio
Pamela Malva Publicado em 27/05/2021, às 18h00
Em meados do ano de 1950, a Zona Norte do Rio de Janeiro virou a casa de um dos maiores e mais famosos estádios do Brasil. Em homenagem ao falecido jornalista pernambucano Mário Filho, o Maracanã tornou-se palco de verdadeiros clássicos.
Depois de dois anos de construção e um orçamento de R$ 1,5 bilhão, então, o imponente estádio se ergueu na frente da Favela da Mangueira, que fica do outro lado da rua. Foi assim que criou-se uma cena conhecida por seus contrastes.
De um lado, o luxo e a suntuosidade do 25º maior estádio do mundo. Do outro, os mais de 17 mil moradores da Mangueira, uma comunidade que, em 2010, abrigava mais de 5,6 mil casas, e cujas fronteiras se encontram com o Bairro Imperial de São Cristóvão.
Foi nesse contexto que, há mais de dez anos, a jovem Greciene teve seu segundo filho, o pequeno Luis Fernando Fernandes, ou Nando, para os mais próximos. Ao lado dos dois irmãos, um mais velho e outro mais novo, o menino descobriu sua paixão pelo futebol.
Para Nando, Rafael e Dudu, amar as torcidas, os gritos de euforia e as comemorações durante os jogos de futebol era fácil demais. Eles cresceram, afinal, ao lado de um dos maiores estádios do Brasil, tendo o Maracanã constantemente em seu horizonte.
O problema é que, apesar de morarem a cerca de cinco minutos a pé do estádio, os meninos nunca conseguiram visitar o Maraca pessoalmente. Isso porque, mesmo com o sonho que Nando tinha de assistir uma partida do Flamengo ao vivo, o ingresso caro do estádio não era uma prioridade para a família, que tinha de sobreviver.
Uma década de sonhos se passou até que, em 2019, Nando encontrou uma oportunidade que poderia mudar a sua vida. Durante uma aula na Estrela da Favela, uma ONG para crianças da Mangueira, o menino conheceu o cineasta Alec Cutter.
Apaixonado por futebol e pelo Brasil, o diretor vindo diretamente dos Estados Unidos tinha uma missão em mente. Alec estava produzindo um curta-metragem e precisava identificar uma criança que nunca tivesse assistido um jogo no Maracanã ao vivo.
“Não foi difícil encontrá-las, porque quase nenhuma criança de lá já foi para um jogo”, narrou Alec, o diretor do curta ‘Nando’, com exclusividade ao site Aventuras na História. “Naquele dia, quando eu vi o Nando pela primeira vez, ele estava muito tímido.”
Com uma bola de futebol no pé, contudo, o receio logo desapareceu e, em questão de minutos, uma amizade entre o menino de 10 anos e o diretor norte-americano surgiu. Alec soube, naquele momento, que Nando deveria ser o seu protagonista.
Daquela tarde descontraída em diante, mais um ano e meio de produção se passou até que o curta-metragem documental sobre Nando estivesse finalmente pronto. Narrado pelo cantor Seu Jorge, contudo, o filme traz discussões que vão além do futebol.
“O mundo deles é muito pequeno, a realidade em que eles vivem é muito difícil'', lamentou o diretor, que teve de interromper as filmagens pelo menos sete vezes devido aos tiroteios da região. “Mas, para mim, o mais difícil não foi parar as filmagens. A pior parte foi perceber que essa é a vida do Nando, que esse é o normal para ele.”
“Foi muito estranho ver como aquilo era comum para ele”, lamentou Alec. “Isso não deve ser normal para uma criança. Nesses momentos, o filme não era importante pra mim.” Muito por isso, Alec decidiu relacionar a história de Nando com a de uma borboleta.
“Tudo começou, na verdade, com uma cena do filme, em que câmera se afasta do Nando e ele fica perdido na favela”, narrou o cineasta. “Eu percebi que a imagem se parecia um pouco um casulo, que não é bom, mas também não é ruim.”
Com o objetivo de mostrar o lado sonhador das favelas, então, Alec soube que, além de ajudar a comunidade, ele tinha de realizar o desejo do menino. Foi assim que Nando, seus irmãos e sua mãe, que tem 35 anos e também nunca viu um jogo ao vivo, foram ao Maracanã pela primeira vez, para assistir uma partida do Flamengo, seu time de coração.
Naquele jogo, quase como em homenagem ao menino especial que os assistia, os jogadores do rubro-negro fizeram seis gols. “Foi o melhor jogo de futebol que eu já vi, e eu nem assisti à partida. Eu fiquei filmando eles e quase chorei”, contou Alec.
“Eu adoro futebol e adoro o que acontece no campo. Mas gosto mais do que acontece com as torcidas e com as crianças”, comentou o diretor. Foi isso, inclusive, que Alec e seus produtores quiseram mostrar com o curta-metragem.
Acontece que, muito além de falar da paixão que um menino sente pelo campo, “quisemos mostrar para as outras crianças que o filme é delas também, não apenas sobre o Nando. Porque a história do Nando também é a história de muitas crianças.”
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