Símbolo da moda e da família tradicional, Jacqueline Kennedy foi a mulher por trás de John Fitzgerald Kennedy, presidente dos EUA
Fabio Previdelli Publicado em 24/11/2024, às 11h00
John Fitzgerald Kennedy é um dos presidentes mais adorados e populares de toda história norte-americana. Nem mesmo seu assassinato, em 22 de março de 1963, durante um comício por Dallas — em meio ao seu primeiro mandato —, foi capaz de apagar o seu legado. Mas toda a sua história só persistiu graças a uma pessoa: Jacqueline Bouvier Kennedy.
Jackie, como era chamada, formou com John um dos casais mais emblemáticos de sua época. Todos queriam ter o poder e o charme de JFK. Todos queriam ter a elegância e se vestir como ela. Bela, recatada e do lar. Um símbolo da moda e da família tradicional.
Quando John assumiu o cargo mais importante do planeta, as televisões se tornavam populares na América. Kennedy foi o pioneiro em explorar a exposição na mídia em seu favor. Jackie foi fundamental para isso.
Logo no primeiro ano de mandato do marido, Jacqueline resolveu promover uma reforma gigantesca na Casa Branca e lhe dar o status que merecia. “Vários elementos da mobília eram reproduções em vez de peças antigas originais, dando à residência mais importante dos Estados Unidos um ar barato e simplório”, descrevem Bill O'Reilly e Martin Dugard em ‘Os Últimos Dias de John F. Kennedy’ (L&PM Editores).
Em 14 de fevereiro de 1962, Jackie abriu às portas da casa presidencial para todos os norte-americanos entrarem. Na data, NBC e CBS transmitiram para 46 milhões de americanos as mudanças feitas no local. Jackie e John se tornavam figuras humanizadas, acessíveis e, principalmente, que lutavam para preservar a memória e cultura do país. Eram os patriotas que todos amavam amar.
Mas o casal perfeito não era tão maravilhoso quanto as aparências sugeriam. Jackie sabia das inúmeras traições de John. Embora as puladas de cerca pudessem ferir seu ego, ela sempre esteve ao lado do marido: “Todos os Kennedy são assim”, disse para Joan, a esposa do irmão mais novo de John, Teddy, sobre o histórico de infidelidade do clã. “Não se pode levar para o lado pessoal”.
Jackie também esteve ao lado do marido nos momentos difíceis, como a crise que a gestão de JFK enfrentou na fracassada Invasão da Baía dos Porcos. Ela também foi ombro amigo e porto-seguro quando a Crise dos Mísseis de Cuba surgiu.
Amante das artes e da cultura, Jacqueline se encantou com Paris quando acompanhou JFK em visita para conhecer o presidente Charles de Gaulle. No passeio, expressou sua vontade de levar Mona Lisa para uma breve passagem pelos Estados Unidos. O sonho se concretizou em dezembro de 62, quando um dos quadros mais emblemáticos do mundo desembarcou para exibições na National Gallery e depois no Metropolitan Museum of Art de Nova York.
Ao todo, quase dois milhões de pessoas visitaram a obra-prima de Leonardo da Vinci. Muitos norte-americanos, aliás, cruzaram o país e esperaram horas nas filas por isso. Jacqueline Kennedy havia criado um clamor pela arte que poucas vezes havia se visto na história americana.
Jackie ainda encontrou forças para seguir quando perdeu seu quarto filho, Patrick, que viveu apenas 39 horas após nascer de forma prematura em 7 de agosto de 1963. Quatro meses depois, foi ela quem abraçou o marido com todas suas forças após ele receber um tiro fatal na cabeça.
Uma semana após o assassinato, Jacqueline concede uma entrevista a Theodore White, da revista Life, onde recorda do marido calmo e sempre no comando das situações. É na conversa também, publicada na edição de 6 de dezembro, que ela contou ao mundo pela primeira vez que o presidente escutava a trilha sonora de Camelot antes de dormir e do quanto ele amava a última fala: “Não deixe que se esqueça, que uma vez houve um lugar, por um breve e brilhante momento que foi conhecido como Camelot. Haverá grandes presidentes novamente... mas nunca haverá outro Camelot.”
Jackie estava certa em sua analogia que, embora um pouco dissonante da realidade, foi certeira: os Estados Unidos jamais teve alguém novamente com JFK — embora muito desse mito tenha sido construído às custas de uma mulher que jamais teve o reconhecimento que mereceu.
Quais eram os petiscos consumidos no Coliseu de Roma?
O mistério por trás do local onde a Mona Lisa foi pintada
Senna: Os relatos do piloto sobre os relacionamentos com Xuxa e Galisteu
Segunda Guerra: Participação dos Pracinhas foi considerada 'dor de cabeça' pelos Aliados
Gladiador 2: Conheça o verdadeiro Macrinus, interpretado por Denzel Washington
A Imperatriz: Relembre a história real que inspirou a série da Netflix