O cowboy da indústria cinematográfica esteve na mira do ditador soviético por muito tempo
Thiago Lincolins Publicado em 03/04/2020, às 13h00
Carruagens fugindo de bandidos. A cavalaria combatendo índios, agricultores e suas famílias tirando o sustento de terras hostis com tenacidade. Tiros para todo lado em estradas de ferro. O cinema fixou na mente das pessoas histórias e tipos míticos como cowboys e xerifes em cidades poeirentas. Entre os atores que deram vida aos personagens e popularizaram o gênero, se destaca John Wayne.
Vencedor de Oscar e Globo de Ouro, o artista se tornou símbolo máximo dos filmes sobre faroeste. Entretanto, sua figura, tão relacionada à cultura americana, não agradou Joseph Stalin, líder da União Soviética por 30 anos.
De acordo com o livro John Wayne: O Homem por Trás do Mito, lançado em 2001 pelo biógrafo Michael Munn, o tirano russo ficava enfurecido com a postura anticomunista de Wayne, que era a favor do programa de caça às bruxas promovido pelo senador dos Estados Unidos Joseph McCarthy e que perseguiu pessoas ao menor sinal de ligação com o comunismo.
Anteriormente, o astro havia sido duramente criticado por não ter se juntado ao exército durante a Segunda Guerra Mundial. Ele até se alistou, mas o seu status em Hollywood dificultou a sua entrada nas forças armadas. Além disso, Wayne havia tentado ingressar na OSS, o serviço de inteligência dos EUA durante a guerra. Foi aprovado, mas não exerceu o cargo: seus agentes esconderam dele a carta de admissão.
Com McCarthy perseguindo também atores e produtores de cinema, Stalin sentiu que o seu programa clandestino de espalhar ideais comunistas pelo cinema e a rádio, por exemplo, estava ameaçado. Crente que a queda de John seria uma forma de lidar com o problema, o tirano o colocou em sua “lista negra” e ordenou que a KGB assassinasse o cowboy.
De acordo com Munn, na primeira tentativa, agentes disfarçados foram até o escritório de Wayne, localizado nos estúdios da Warner Bros, em Hollywood. No entanto, o plano de Stalin fracassou, e os assassinos foram capturados a tempo.
Após a morte de Stalin, Nikita Kruschev, que sucedeu o cargo, engavetou todas as conspirações planejadas pelo tirano. Fã assumido do ator, Kruschiov revelou toda a armação em um encontro. "Essa foi uma decisão de Stalin nos últimos cinco anos loucos de sua vida. Quando ele morreu, eu revoguei a ordem", afirmou ele a John Wayne em 1958.
Mas não acabaria aí. O autor se tornou alvo de grupos comunistas norte-americanos que deram continuidade ao plano insano de Stalin. Em uma entrevista concedida em 1974, John relatou a Munn que, durante uma visita ao Vietnã, em 1966, foi alvo de um atirador. Wayne foi atingido, mas sobreviveu. Só viria a óbito em 1979, vítima de um câncer.
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