A história por trás dos curiosos coelhos 'assassinos' em manuscritos antigos

No contexto da iconografia medieval, coelhos armados com espadas, machados e arcos figuravam em ilustrações de manuscritos datados entre os séculos 13 e 15. Essas representações inusitadas desafiam a imagem tradicional do coelho, visto como um animal fofo.

Embora pareça uma mera fantasia, a presença de coelhos assassinos nos manuscritos medievais revela um aspecto intrigante da cultura daquela época.

Os manuscritos, frequentemente copiados por monges antes da invenção da prensa de Gutenberg, continham elementos gráficos conhecidos como marginálias ou "drôlerie".

Esses pequenos desenhos decorativos eram geralmente insólitos. Entre as imagens bizarras, era comum ver animais antropomorfizados, cavaleiros segurando suas próprias cabeças e até cenas eróticas.

Escapismo

A figura do coelho armado destaca-se como um símbolo de humor irreverente, desafiando a seriedade predominante da vida na Idade Média.

As ilustrações apresentavam esses animais como guerreiros que enfrentavam humanos e cães de caça, invertendo a dinâmica tradicional em que os coelhos eram vistos como presas. 

As marginálias podem ser interpretadas como uma forma de escapismo dentro da rigidez da sociedade feudal, permitindo aos artistas expressar criatividade e humor em um espaço onde a literatura era predominantemente consumida pela elite europeia.

Assim como os estudantes rabiscam seus cadernos durante aulas entediantes, esses monges encontraram na arte uma forma de aliviar a monotonia do trabalho repetitivo de copiar textos.