Sendo o mais recente e bem conservado do tipo, Clotilda mobiliza arqueólogos para trilhar história afro-americana
Redação Publicado em 24/10/2022, às 19h50 - Atualizado em 25/10/2022, às 09h25
Recém-integrado ao catálogo da Netflix, 'O Último Navio Negreiro' já chamou atenção durante o conceituado Festival de Cinema de Sundance, em janeiro deste ano, como um dos documentários que mais se destacaram ao abordar o tema que dá título a produção nos Estados Unidos.
O tal navio é o Clotilde, descoberto por arqueólogos em 2019, 160 anos depois de sua última travessia no rio Mobile, sendo considerado o último navio negreiro a ter trazido escravos do continente africano para um país americano. Em 1860, ele retornava da África com 108 cativos a bordo em condições subhumanas.
A descoberta dos destroços, três anos antes do lançamento do filme, possibilitou não apenas uma pesquisa e reprodução fiel dos passos e pessoas que estavam no navio, mas também sobre suas trajetórias até os dias atuais, com seus filhos e netos reverberando o legado de vítimas de um sistema escravagista, agora como cidadãos afro-americanos.
De acordo com reportagem do portal norte-americano National Geographic, a extensa pesquisa pôde resgatar a história que envolve o navio, o mais bem conservado existente, devido ao tempo mais curto de degradação, possibilitando inclusive ver as adaptações estruturais para torná-lo um navio de transporte de escravos.
A entrada do rio Mobile hoje se localiza na curta extensão litorânea que o estado do Alabama, nos Estados Unidos, possui; compondo a costa sul, o navio não fica muito longe do local, com Jim Delgado, arqueólogo marítimo que lidera a pesquisa sobre o Clotilda, estimando que dois terços da estrutura original de madeira da embarcação permanecem reconhecíveis.
Este é o navio negreiro mais intacto conhecido no registro arqueológico em qualquer lugar”, disse o pesquisador em entrevista ao National Geographic.
As amostras de madeira e forma como o navio foi confeccionado também apontam itens armazenados, como barris contendo água potável e conservas de arroz, carnes bovina e suína, rum, melaço, farinha e pães, que ainda podem estar enterrados no porão do navio, agora coberto de lama no fundo do mar.
Dado o estado de conservação Delgado ainda apontou ao veículo estadunidense que existe a possibilidade inclusive de recuperar amostras de DNA humano com vestígios de fluidos corporais e até excrementos dos ocupantes, possibilitando trilhar os ocupantes.
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