Na quinta temporada de 'The Crown', o primeiro-ministro britânico age como um 'árbitro' na separação de Charles e Diana; mas realmente foi assim?
Éric Moreira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 14/11/2022, às 15h58
A quinta temporada de 'The Crown' estreou na última quarta-feira, 9, e está disponível para ser assistida no catálogo da Netflix. A série, por sua vez, retrata diversos períodos históricos da Família Real Britânica, sendo não só um produto de entretenimento, como também, a certa medida, um conteúdo que promove um conhecimento maior da história recente da monarquia.
Na nova temporada, os fatos representados se remetem principalmente à década de 1990, onde a Família Real se encontrou em um estado extremamente delicado, tendo sofrido com o incêndio no Castelo de Windsor, em 1992, e a separação entre o príncipe Charles e a princesa Diana — retratando também os problemas que Lady Di enfrentava, como a bulimia e a noção de que era traída em seu casamento.
No entanto, assim como a maior parte das produções audiovisuais inspiradas em fatos históricos, nem tudo retratado é completamente fiel aos acontecimentos reais, com a trama sofrendo algumas adaptações para que se encaixe melhor no roteiro.
Tendo isso em mente, um acontecimento específico da quinta temporada chama bastante atenção e gera dúvidas sobre se é verdadeiro ou não: o pedido da própria rainha Elizabeth II para que o então primeiro-ministro, John Major, mediasse a separação entre o príncipe Charles e a princesa Diana. Afinal, isso realmente aconteceu ou se trata de apenas mais uma adaptação do roteiro da série?
No episódio 9 da quinta temporada de 'The Crown', é possível ver que o primeiro-ministro britânico John Major enfrentava muito mais problemas que os referentes ao eleitorado britânico, sendo também frequentemente chamado pela Família Real. Isso até o ponto em que a própria rainha Elizabeth II, que lidava com o processo de separação de seu filho mais velho, Charles, da princesa Diana, pediu ajuda para o premiê para mediar o processo.
No entanto, a história de fato não aconteceu bem assim. Sim, na época em que o casamento do então futuro rei do Reino Unido — que hoje já ocupa a posição — estava próximo do fim, de fato Major fez o possível para conciliar sua agenda com uma ajuda a Charles e Diana, que enfrentavam sérios problemas no casamento.
Além disso, de acordo com Anthony Seldon, biógrafo de Major e autor de 'Major: A Political Life', de 1997, o primeiro-ministro até ofereceu ajuda ao casal, mas "qualquer apoio e orientação que Major pudesse oferecer foi em vão. Depois que ficou claro que o casamento era insustentável, sua principal preocupação tornou-se a posição constitucional", como informado pelo portal Esquire.
Então, foi o próprio Major, cumprindo sua função como premiê do Reino Unido, que anunciou oficialmente a separação, em 9 de dezembro na Câmara dos Comuns.
É anunciado do Palácio de Buckingham que, com pesar, o príncipe e a princesa de Gales decidiram se separar. Suas Altezas Reais não têm planos de se divorciar e suas posições constitucionais não são afetadas. Esta decisão foi alcançada de forma amigável e ambos continuarão a participar plenamente na educação de seus filhos", disse Major na ocasião.
Porém, o anúncio de Major considerava que a separação de Charles e Diana seria simples, mas o problema todo ainda havia apenas começado. Por mais quatro anos, o ex-casal continuou criticando publicamente um ao outro.
Em 1993, Charles deu uma entrevista na TV em que discutiu seu relacionamento com Camilla Parker Bowles, com quem é casado até hoje. Já Diana, em 1995, revelou em outra entrevista a extensão dos problemas existentes entre ela e o futuro rei, tendo dito a famosa frase "havia três de nós no casamento, então estava um pouco lotado".
Logo, isso foi a gota d'água para a rainha e o príncipe Philip, que esperavam que o casal terminasse por resolver suas intrigas com a separação. Foi então que, finalmente, Elizabeth II autorizou o divórcio oficial entre Charles e Diana.
De acordo com o The Guardian, um porta-voz de Major — que hoje possui 79 anos — disse que a série "deve ser vista como nada além de ficção prejudicial e maliciosa".
Um barril de bobagens vendidas sem nenhum outro motivo além de fornecer o máximo — e totalmente falso — impacto dramático", acrescenta.
Além disso, ainda acrescentou que Major não havia "cooperado de forma alguma com a The Crown . Ele nunca foi abordado por eles para checar qualquer material de roteiro nesta ou em qualquer outra série".
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