Como um perfume tirou um goleiro da Copa do Mundo

Em 2002, o atleta espanhol Santiago Cañizares recebeu a oportunidade de uma vida. Ele foi convidado para ser parte da seleção de futebol da Espanha, para competir pelo seu país na Copa do Mundo, que seria sediada na Coreia do Sul. 

O goleiro estava em ascensão em sua carreira de futebolista, conquistando uma série de títulos nacionais para seu time, o Valencia, e chegando a ser premiado pela Liga de Campeões da UEFA no ano de 2001 como o melhor jogador de sua posição. 

Era um período de otimismo para Cañizares, e a oportunidade de se tornar goleiro titular permitiria que ele colocasse suas habilidades à prova em uma escala muito maior. Um incidente improvável, todavia, faria com que o sonho de jogar na Copa fosse surrupiado do atleta espanhol, mudando o curso de sua carreira. 

Frasco de perfume 

O momento infeliz que transformou a trajetória de Santiago Cañizares aconteceu apenas duas semanas antes do primeiro treino do time nacional. Na ocasião, o espanhol estava se arrumando para sair, e passava uma colônia.

Inesperadamente, porém, ele acabou derrubando o frasco, que era de vidro. Na tentativa de salvá-lo, colocou o pé no caminho instintivamente. Foi essa decisão, tomada em uma fração de segundo, que lhe custaria o maior evento de sua carreira. 

Isso porque Cañizares, acostumado que era a usar o corpo para bloquear um objeto em alta velocidade, moveu o pé para o exato local para onde o perfume se dirigia em sua queda. Diferente de uma bola de futebol, porém, o frasco se espatifou contra sua pele, cortando um tendão. O evento foi relembrado por uma matéria recente do UOL. 

A lesão podia ser recuperada, mas como ocorria às vésperas do Mundial, seria o suficiente para impedi-lo de participar. O goleiro passaria o mês seguinte se recuperando do erro que cometeu em um instante de distração. 

Em seu lugar, fora escalado Iker Casillas, futebolista do Real Madrid, que assumiu a posição titular, onde jogaria durante nada menos que os próximos 14 anos, de forma que participou de três Copas, incluindo aquela em que a seleção da Espanha levou o troféu para casa, em 2010. 

Atitude positiva

Na época de seu acidente, Cañizares havia se mostrado otimista apesar de seu infortúnio, de acordo com seus comentários de então para a imprensa, relembrados pelo portal TalkSport: 

Não me considero azarado de forma alguma. Desde o início da minha carreira tive vários golpes de boa sorte. Mas, assim como todos os outros, também tive momentos difíceis com os quais tive que lidar", disse o atleta no período. 

"Ninguém faz o seu caminho no mundo do futebol sem ter que superar obstáculos. Ainda acredito que os melhores momentos da minha carreira ainda estão por vir e, se a saúde permitir, terei o objetivo de ter sucesso na próxima Copa do Mundo", acrescentou ainda. 

Infelizmente, a previsão dele não se realizaria. Santiago Cañizares continuou atuando no Valencia durante os seis anos seguintes, porém nunca mais recebeu a oferta da vaga na seleção, sendo limitado ao banco dos reservas no Mundial de 2006, que foi sediado na Alemanha.