No século 19, o rei Edward VII do Reino Unido presenteou sua amante com um colar; muito tempo depois o item apareceria em filme com Meryl Streep
Giovanna Gomes Publicado em 08/01/2025, às 18h00
Você sabia que um colar que aparece no popular filme "O Diabo Veste Prada" (2006) carrega uma história vinculada à família real britânica? A peça, recentemente devolvida à joalheria Hancocks & Co, onde foi criada, está agora em exposição.
Encomendado na segunda metade do século 19 pelo então príncipe de Gales, Edward VII, o colar foi um presente para sua amante, a atriz e socialite Lillie Langtry. Inspirada pelo fascínio vitoriano pelas joias de estilo egípcio, a peça incorpora elementos como conchas de cornalina, escaravelhos alados, gotas de coral e pedras da lua esculpidas.
De acordo com o Daily Mail, Edward VII, que era casado com a princesa Alexandra da Dinamarca desde 1863, presenteou Lillie com o colar no início do relacionamento extraconjugal, que duraria cerca de três anos.
Lillie Langtry, conhecida como "Jersey Lily", era uma figura popular na alta sociedade de Londres. Além de ser uma musa do Movimento Estético, a britânica, que se mudou para a cidade em 1876, aos 20 anos, depois de se casar com o proprietário de terras irlandês Edward Langtry, chegou a ser retratada por artistas como Sir John Everett Millais.
Ela também fez história ao se tornar a primeira socialite a atuar no palco do West End, além de que foi a primeira celebridade a fazer uma propaganda ao dar seu apoio ao sabonete Pears.
No final da década de 1870, Lillie conheceria o príncipe de Gales em um jantar. Além do colar, que a socialite estrearia em uma de suas apresentações, Edward mandou construir uma casa para a amante em Bournemouth, Dorset, que virou ponto de encontro do casal ao longo de três anos. A Red House, como era conhecida a residência, foi posteriormente transformada no Langtry Manor Hotel.
Lillie manteve o colar consigo por anos, mesmo após o término de sua relação com o herdeiro do trono britânico. A joia, no entanto, acabou desaparecendo da cena pública, sendo redescoberta apenas em 2003, quando surgiu em um leilão promovido pela Bonhams. O vendedor alegava que Lillie havia estregue a peça à sua avó como um presente.
Na época, a Hancocks adquiriu o colar por £19.718, mas posteriormente o vendeu ao antiquário Fred Leighton, de Nova York. Este, por sua vez, emprestou a peça à figurinista Patricia Field, que a utilizou para compor o icônico visual de Miranda Priestly, personagem de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada.
Nos anos seguintes, o colar continuaria sua jornada em leilões e coleções privadas. Em 2006, foi novamente leiloado pela Sotheby's em Nova York e recomprado pela Hancocks, apenas para ser vendido novamente a um cliente americano.
Em 2009, a peça reapareceu na Christie's, onde a Hancocks a adquiriu pela terceira vez, pagando £33.500. Apesar disso, um colecionador privado insistiu em adquiri-la, e a joalheria acabou cedendo.
Recentemente, a Hancocks conseguiu recuperar o colar pela quarta vez. Guy Burton, diretor administrativo da empresa, negociou com o colecionador para levá-lo de volta.
Segundo Amy Burton, que representa a família proprietária da Hancocks, a joalheria não pretende vendê-lo novamente. “É uma peça tão única que une tantos elementos de nossa história de 175 anos, e agora voltou para casa. Parece um momento muito simbólico de círculo completo”, disse ela ao Telegraph.
Atualmente, o colar está em exibição na boutique da Hancocks em St. James's, Londres, ao lado de outras peças icônicas, como a tiara vitoriana Anglesey.
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