Dom Pedro II em 1870 - Wikimedia Commons via Joaquim Insley Pacheco
Família imperial brasileira

Afinal, a família imperial brasileira era rica?

Desde o exílio forçado em 1889, após a proclamação da República, até os dias atuais, o legado financeiro dos descendentes de D. Pedro II gera debates

Luiza Lopes Publicado em 13/10/2024, às 10h00 - Atualizado em 16/10/2024, às 07h16

A riqueza da família imperial brasileira sempre foi motivo de curiosidade e especulação ao longo dos séculos. Desde o exílio forçado em 1889, após a proclamação da República, até a atualidade, o legado financeiro dos descendentes de D. Pedro I e D. Pedro II tem gerado debates.

O caso foi resgatado pela historiadora Mary del Priore no livro 'Segredos de uma Família Imperial', lançado pela Editora Planeta. Na obra, a escritora conta sobre as origens da fortuna dos imperadores, os bens acumulados ao longo dos anos e o impacto do exílio na preservação ou perda desse patrimônio.

'Vida modesta'

Em entrevista ao site Aventuras na História, Priore conta que os descendentes de Dom Pedro II levaram uma vida modesta, marcada por dificuldades financeiras e distantes do luxo que muitos ainda associam à realeza.

Segundo a historiadora, essa noção errônea surge, em parte, pelo glamour associado às coroações e ao luxo que cercava algumas monarquias europeias, como a britânica, que conseguiu preservar seu patrimônio ao longo dos séculos.

Fotografia de D. Pedro II, do ano de 1876, e da imperatriz Teresa Cristina, tirada no ano 1888 / Créditos: Wikimedia Commons via Mathew Brady/Levin Corbin Handy; Wikimedia Commons via Félix Nadar

 

"A aristocracia britânica soube preservar muito bem seu patrimônio e hoje são trilhardários. Já a nossa família imperial começou a perder seus bens desde o retorno de Dom Pedro I a Portugal", explica.

Segundo a historiadora, Dom Pedro I, ao abdicar do trono brasileiro e voltar para sua terra natal, levou consigo a prataria e outros bens do Palácio de São Cristóvão. "Quando Dom Pedro II assumiu, o palácio parecia um mosteiro, sem móveis ou quadros", descreve.

Dom João VI havia quebrado o Banco do Brasil ao voltar para Portugal, e Dom Pedro II viveu com extrema sobriedade, sem luxo, comendo canja todas as noites e usando sempre a mesma roupa. Quando foi à Europa, ele não estava preparado para viver entre a nobreza. Era simplório e tinha hábitos considerados inadequados pela alta sociedade europeia, como tocar as pessoas constantemente, algo que era mal visto", conta. 

Exílio

A vida financeira da família imperial após o exílio também foi marcada por dificuldades. Quando Dom Pedro II foi deposto, ele e sua família foram viver na Europa, mas sem o luxo associado à nobreza.

"Eles viviam de mesadas que vinham do lado da família do Conde d'Eu, marido da princesa Isabel. Só conseguiram comprar uma casa após a morte de Dom Pedro II", relata Priore. Mesmo o castelo da Normandia, que a família comprou posteriormente, "estava em ruínas e apenas uma parte era habitável".

A aristocracia europeia nessa época, especialmente na França, já estava laicizada e misturada, com muitos casamentos entre protestantes ricos e judeus, pois os aristocratas estavam arruinados após a Revolução Francesa. Muitos buscavam casamentos para recomprar seus castelos e manter o estilo de vida luxuoso", destaca.

No entanto, essa estratégia não se aplicava à família imperial brasileira, que enfrentava dificuldades financeiras ainda maiores. "Eles não tinham dinheiro. Viviam frugalmente em um castelo sem água quente, onde as crianças comiam sopa de leite todas as noites e as roupas eram passadas dos mais velhos para os menores. Não devemos imaginar uma família imperial rica. Eles viviam com muito pouco", conclui Priore.

A família imperial brasileira em 1889 / Crédito: Wikimedia Commons via Otto Hees

 

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