A saga do maior falsificador de vinhos do mundo

Um indonésio chamado Rudy Kurniawan passou sete anos preso depois de fraudar aproximadamente 12 mil garrafas de vinho e ganhar cerca de 30 milhões de dólares com as vendas de tais produtos em leilões.

Além disso, ele, que teve sua história contada no filme Sour Grapes, lançado pela Netflix em 2016, também aplicou golpes bancários, chegando a conseguir um empréstimo de 7 milhões de dólares penhorando rótulos falsos de sua adega.

A todo vapor

Para Kurniawan, a má fama, surpreendentemente, alavancou os negócios. Antes, ele conseguia atrair clientes entre Los Angeles e Nova York com suas criações. Agora, todos conhecem o truque e ainda pagam caro para participar.

Milionários de Singapura o convidam para acessar suas adegas, permitindo que ele crie ao vivo versões “artesanais” de rótulos icônicos. Assim, os pagantes desfrutam da habilidade de Kurniawan, observando-o transformar vinhos comuns em imitações sofisticadas.

Eventos exclusivos

Esses eventos exclusivos acontecem no Pines Club, um local reservado para poucos, onde seletos participantes degustam às cegas vinhos originais e recriações de Kurniawan. Entre os rótulos apresentados estão exemplares renomados como o 1990 DCR Romanée-Conti e o 1990 Petrus.

Curiosamente, as notas de degustação de dois desses eventos revelam que a maioria dos convidados preferiu os vinhos falsificados, elogiando-os pela frescura. Em um desses encontros, um dos presentes exaltou Kurniawan, dizendo: "Aqui estamos nós, mesmo cenário, um pequeno grupo de sete pessoas para experimentar novamente a magia do conhecimento, imaginação e arte de Rudy. E concluímos: o sr. Rudy Kurniawan é um gênio vínico", repercutiu o Inside Hook.

Retorno

A volta de Kurniawan aos eventos de degustação foi descoberta pela americana Maureen Downey, consultora e especialista em fraudes de vinhos, que trabalha para grandes casas de leilão e foi peça-chave na investigação que o levou à prisão.

“Se no início do milênio as pessoas não sabiam que estavam sendo enganadas, hoje elas pagam alto e sabem que os vinhos são falsos”, comentou Downey ao site Wine-Searcher.

Ela também destaca que, embora a nova forma de degustação seja inusitada, não é ilegal: “Qualquer um de nós pode misturar um Cabernet Sauvignon com Merlot e dizer que é uma tentativa de duplicar o Lafite-Rothschild. Desde que todos estejam cientes da brincadeira e que o vinho não seja vendido como um original.”