Durante décadas, acadêmicos e historiadores pressionaram o Vaticano para a liberação dos documentos
Isabelly de Lima, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 24/06/2022, às 16h40
Na última quinta-feira, 23, o Vaticano tornou públicos online milhares de cartas escritas por judeus europeus ao papa Pio VII (1939-1958), pedindo ajuda para escapar das execuções nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Quem determinou a publicação desse material histórico foi o atual papa, Francisco.
Foram digitalizados em torno de 40 mil arquivos e distribuídos em 170 pastas, que podem ser consultados no site da Santa Sé. O Vaticano, em março de 2020, permitiu que os pesquisadores tivessem acesso a 120 fundos e séries de arquivos históricos sobre Pio XII. Até hoje, o Santo Padre é acusado de ter se mantido em silêncio durante o extermínio de 6 milhões de judeus.
Pio XII é defendido pelo Vaticano, que afirma que ele salvou muitos judeus, os escondendo em instituições religiosas e que, com seu silêncio, queria não agravar mais a situação. Essa mais nova publicação irá permitir que os descendentes dos remetentes possas "encontrar o rastro de seus familiares de qualquer parte do mundo", disse o monsenhor Paul Gallagher, responsável pelas relações com os Estados, em um artigo publicado pelo "L'Osservatore Romano", o jornal do Vaticano.
Vindas de todas as regiões da Europa, nas cartas, os autores buscavam conseguir principalmente passaportes ou vistos, obter asilo, ajuda para a reunião de parentes ou informações sobre pessoas deportadas. Em casos ainda mais sérios, pediam ajuda para serem soltos dos campos de concentração.
O destino da maioria dos que pediram auxílio é desconhecido, segundo o Vaticano, via G1. Um estudante alemão de 23 anos, em uma mensagem escrita em 1942, explica que quer fugir de um campo de concentração na Espanha. "Há poucas esperanças para os que não tem nenhuma ajuda de fora", escreveu o jovem.
De acordo com as investigações do United States Holocaust Memorial Museum de Washington, o tal homem foi libertado um ano depois de enviar a carta e se mudou para a Califórnia. A publicação aconteceu um dia depois do papa se reunir com uma organização internacional judia.
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