Foto do presidente Jair Bolsonaro - Wikimedia Commons
Brasil

Um dia após manifestação, Bolsonaro se diz defensor da democracia: "Congresso aberto e transparente"

Mudança de discurso ocorreu após presidente afirmar que "não queremos negociar nada!". Fala foi alvo de controversas

Jorosteu Matraga Publicado em 20/04/2020, às 10h00 - Atualizado às 11h45

Um dia após participar de ato em Brasília em favor de uma intervenção militar, sugerindo possíveis golpes contra o Congresso Nacional, Jair Bolsonaro respondeu à imprensa que defende um "Supremo aberto e transparente. Congresso aberto e transparente. Nós, o povo, estamos no governo".

A fala ocorreu quando o militar saía do Palácio da Alvorada na manhã de hoje, 20. Na ocasião, chamou as acusações de autoritarismo de “provocações baixas e rasteira” por parte da imprensa. “No que depender do presidente, democracia e liberdade acima de tudo”, garantiu.

Na manifestação de ontem, em que Bolsonaro discursou, houve pedidos do retorno do AI-5, o fechamento do Supremo Tribunal Federal e falas anti-Parlamento. "Não queremos negociar nada", disse. 

Entretanto, um dia depois, ele mudou o tom: "Não falei nada contra qualquer outro poder. Muito pelo contrário. Queremos voltar ao trabalho”, disse. Segundo o presidente, as represálias a sua fala são tentativas de “incendiar uma nação que ainda está dentro da normalidade". Para Bolsonaro, a manifestação foi apenas uma celebração do Dia do Exército.

Contradizendo seu discurso, Bolsonaro se irritou com manifestantes em favor do fechamento do STF que se pronunciavam durante a coletiva: "Aqui não tem fechar nada. Dá licença aí. Aqui é democracia. Aqui é respeito à Constituição brasileira. E aqui é a minha casa e a tua casa. Então eu peço, por favor, que não se fale isso aqui”. Ele ainda firmou que está em defesa da democracia e da liberdade, acima de tudo.

A participação do presidente na manifestação do domingo, 19, gerou indignação em diversas classes. Sua fala foi repudiada publicamente pelos ministros do STF Marco Aurélio Mello e Luís Roberto Barroso, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelos governadores João Dória (PSDB), Flávio Dino (PCdoB), Camilo Santana (PT) e Wilson Witzel (PSC). Atitude também foi repudiada por diversos deputados do Congresso, como Marcelo Freixo (PSOL), Randolfe Rodrigues (REDE) e Tabata Amaral (PDT).

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