Durante trabalhos arqueológicos em Pompeia, foi descoberto túmulo de importante oficial militar que serviu sob comando do imperador Augusto
Éric Moreira Publicado em 24/07/2024, às 14h11
Durante trabalhos para criar uma câmara de ar funcional, para evacuar a umidade de espaços subterrâneos do edifício San Paolino, na antiga Pompeia, arqueólogos descobriram por acidente o túmulo de um importante oficial militar que teria servido sob comando do imperador Augusto nas últimas guerras de conquista na região da atual Espanha.
Com essa descoberta, divulgada no E-Journal of Pompeii Excavations, novas informações sobre a história da Espanha entre os séculos 1 a.C. e 1 d.C. são reveladas. Isso porque, na inscrição do túmulo, é possível ver uma inscrição sobre uma brilhante carreira militar daquele indivíduo, seguida por uma aposentadoria tranquila de Pompeia.
Conforme repercutido no comunicado, a construção revelou duas extremidades de uma tumba semicircular conhecida como "schola", composta por um banco de pedra tufo vulcânica semicircular, com terminais em forma de patas de leão.
Para a surpresa dos arqueólogos, após a escavação, foi descoberta uma inscrição ainda com resquícios de tinta vermelha original, na parte traseira do banco de pedra. O túmulo já era tão antigo quando aconteceu a erupção do Monte Vesúvio, que o monumento foi enterrado — e, também, preservado, de forma que ainda pode ser lida de maneira clara uma inscrição esculpida com o nome do falecido.
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Na inscrição completa, é possível ler: "N(umerius) AGRESTINUS N(umerius) F(ilius) EQUITUS PULCHER TRIB(unus) MIL(itum) PRAEF(ectus) AUTRYGON(um) PRAEF(ectus) FABR(um) II D(uum)V(irus) I( ure) D(icundo) ITER(um) LOCUS SEPULTURAE DATUS D(ecreto) D(ecurionum)".
Traduzindo, ela descreve o túmulo como pertencendo a "Numerius Agrestinus, filho de Numerius, Cavaleiro Justo, tribuno militar, prefeito dos Autrygoni, prefeito dos engenheiros, duas vezes Duúnviro pela jurisdição (ou seja, detentor da mais alta magistratura na cidade de Pompeia)". Além disso, também menciona que o local do sepultamento foi dado por decreto do concelho da cidade.
O que surpreende na descoberta, porém, é que esta pessoa já era identificada por uma outra inscrição funerária, encontrada na necrópole de Porta Nocera. Lá, a esposa desse homem, chamada Veia Barchilla, teria colocado um memorial cilíndrico para os dois. Foi só posteriormente que o Concelho dos Decuriões decretou que Numerius Agrestinus deveria ser homenageado com um monumento em área pública.
Outro elemento que chama atenção na descoberta é o título "Praefectus Autrygonum". Segundo o Arkeonews, os Autrigones eram um povo que vivia no norte da Península Ibérica, onde ocorreram as "guerras cantábricas" entre 29 a.C. e 19 a.C., lideradas por Augusto, para completar a ocupação da antiga região chamada de Hispânia. Assim, ocorreu o surgimento de novas redes de poder do período.
Aqui vemos o surgimento da rede de poder que conectava as elites do império, cujos membros eram convidados a se comprometer em áreas de conflito, com a promessa de recompensas econômicas, mas acima de tudo de prestígio social na comunidade de residência", explica Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia, no comunicado.
"Ter ocupado o mais alto cargo em Pompeia, o duumvirato, duas vezes, e ter sido homenageado com um monumento funerário em terras públicas, são expressões de reconhecimento e lealdade a alguém que literalmente lutou na linha de frente pela causa do império. A descoberta inesperada deste monumento é mais um exemplo de como em Pompeia proteção, pesquisa e aprimoramento estão intimamente interligados", conclui.
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