Mulheres completamente cobertas no Afeganistão - Getty Images
Talibã

Talibã proíbe mulheres afegãs de ouvir suas próprias vozes

Restrições crescentes limitam ainda mais a liberdade das mulheres no Afeganistão, com proibição de falar em público, inclusive entre outras mulheres

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 30/10/2024, às 16h10

Em mais um ataque aos direitos das mulheres, o regime talibã no Afeganistão impôs uma nova e absurda restrição: as mulheres agora estão proibidas de deixar que suas vozes sejam ouvidas, mesmo entre outras mulheres. A medida, anunciada pelo ministro da virtude do Talibã, Khalid Hanafi, proíbe que mulheres adultas emitam qualquer som audível em espaços públicos ou mesmo em ambientes privados, como suas próprias casas.

A proibição se estende à recitação do Alcorão e à realização de orações islâmicas, demonstrando o controle total que o Talibã busca exercer sobre todos os aspectos da vida das mulheres afegãs. Além dessa medida extrema, o regime fundamentalista já havia proibido anteriormente que mulheres trabalhassem fora de casa, estudassem além do ensino fundamental, saíssem de casa sem um homem da família e cobrissem completamente o rosto em público.

Preocupações

A intensificação das restrições tem gerado grande preocupação entre a comunidade internacional e ativistas dos direitos humanos. Profissionais de saúde, como a parteira Samira, relatam que o trabalho se tornou ainda mais difícil com as novas regras: "Trabalho em clínicas em áreas remotas há oito anos, mas nestes últimos dois meses, a supervisão do Talibã se intensificou. Eles nem nos permitem falar nos postos de controle quando vamos trabalhar. E, nas clínicas, somos instruídas a não discutir questões médicas com parentes homens", relatou em entrevista à AFP.

Segundo o 'Extra Globo', ativistas dos direitos das mulheres afegãs disseram que as políticas misóginas estão restringindo sua capacidade de se movimentar, trabalhar e até mesmo falar livremente.

"Como as mulheres que são as únicas provedoras de suas famílias devem comprar pão, procurar assistência médica ou simplesmente existir se até mesmo suas vozes são proibidas?", questiona uma ativista, também à AFP.

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