'Mais importante descoberta de nossas vidas', afirma arqueólogo envolvido no achado
Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 06/04/2022, às 17h18 - Atualizado às 17h19
Uma equipe de especialistas da Cisjordânia divulgou no último dia 24 de março a descoberta de uma "tábua de maldição" contendo o que é, possivelmente, a inscrição hebraica mais antiga já revelada.
O artefato, que consiste em uma folha de chumbo dobrada, foi desenterrado no topo do Monte Ebal, que é associado com maldições na Bíblia, no fim do ano de 2019. Seu texto, no entanto, apenas veio a ser revelado com a ajuda de técnicas de digitalização.
A mensagem lança uma maldição mortal em alguém que havia quebrado sua palavra, afirmando que o encanto seria realizado por Deus, chamado de Yahweh na inscrição, um nome usado pelos judeus para se referirem à divindade que adoravam.
É importante destacar que os cientistas ainda não publicaram o estudo detalhando suas descobertas, de forma que as informações disponíveis atualmente são apenas as reveladas por eles durante uma coletiva de imprensa.
De acordo com suas análises, a tábua possui pelo menos 3.200 anos de idade e foi encontrada em uma camada do solo que continha vestígios do período entre 1200 a.C e 1400 a.C, e um exame laboratorial do chumbo, do qual ela é feita, mostrou que o material vinha de uma antiga mina grega que foi usada nessa mesma época.
Nesse contexto, o artefato seria o exemplo mais antigo de uma escrita primitiva desenvolvida pelo povo hebraico, o que também coloca sob nova luz o debate a respeito de quando a Bíblia foi escrita.
“Alguns estão descrevendo isso como a descoberta mais importante de nossas vidas porque é anterior a qualquer coisa que tenhamos antes em relação às escrituras hebraicas", afirmou Scott Stripling, que liderou a pesquisa, conforme repercutido pelo Mirror.
"[O achado] afeta grandes questões como: a Bíblia foi escrita quando afirma que foi escrita? Havia mesmo uma escrita alfabética em existência pela qual escritores como Moisés e Josué poderiam tê-la escrito? Muitos críticos, até este ponto, argumentaram contra isso e disseram 'não, foi escrito muito, muito mais tarde, no período persa ou no período helenístico'. Isso inclina a balança em outra direção", completou ele.
Para Stripling, o estudo gerará um "terremoto" nos campos arqueológicos e teológicos, desestabilizando uma série de noções que os especialistas tinham como verdade, até então.
Vale dizer que, uma vez que a pesquisa ainda não foi publicada e revisada por outros profissionais da área, o que é um procedimento científico padrão, as afirmações feitas na coletiva de imprensa atraíram críticas de alguns.
"Em geral, estou irritado com alegações sensacionalistas de descobertas que ostensivamente mudam tudo o que sabemos sobre a Bíblia e a história da antiga Israel", relatou Israel Finkelstein, um arqueólogo da Universidade de Tel Aviv, em entrevista ao LiveScience.
Confira abaixo a coletiva de imprensa citada na íntegra:
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