A sonda espacial Voyager 1 - Reprodução/Redes Socias/X/@NASAVoyager
Sonda espacial

Sonda espacial em operação há mais tempo volta a funcionar

Uma equipe da Nasa realocou código da Voyager 1 para contornar falha em chip, que causou apagão de cinco meses no equipamento

Redação Publicado em 23/04/2024, às 19h24

Pela primeira vez em cinco meses, a sonda espacial Voyager 1 voltou a enviar dados à Terra. Para garantir o funcionamento do equipamento, a Nasa (agência espacial dos Estados Unidos) elaborou uma solução criativa para corrigir um problema de comunicação da espaçonave mais distante da humanidade no cosmos.

Conforme repercutido pela CNN Brasil, a Voyager 1 está situada a aproximadamente 15 bilhões de quilômetros de distância. Aos 46 anos, a sonda mostra peculiaridades e sinais de envelhecimento ao longo dos últimos anos.

O mais recente problema enfrentado pela Voyager 1 surgiu em novembro de 2023. Na ocasião, a unidade de modulação de telemetria do sistema de dados de voo passou a enviar um padrão repetitivo de código indecifrável.

O sistema de dados de voo da Voyager 1 desempenha a função crucial de coletar informações dos instrumentos científicos da espaçonave e combiná-las com dados de engenharia que indicam seu estado atual. Esses dados são transmitidos para o controle da missão na Terra em forma de código binário, representado por uma sequência de uns e zeros.

No entanto, desde novembro, o sistema de dados de voo encarou um problema persistente. Embora a sonda continue a transmitir um sinal de rádio constante para sua equipe de controle de missão na Terra, não existem dados utéis.

No último dia 20 de abril, a equipe da missão recebeu os primeiros dados consistentes sobre a saúde e o estado dos sistemas de engenharia da Voyager 1. Embora os especialistas estejam em processo de análise dessas informações, tudo o que foi observado, até o momento, indica que a Voyager 1 está em boa condição e operando conforme o esperado.

"Hoje foi um ótimo dia para a Voyager 1. Estamos de volta à comunicação com a espaçonave. E esperamos receber de volta os dados científicos.”, afirmou Linda Spilker, cientista do projeto Voyager, em um comunicado divulgado neste sábado, 20. 

Ainda segundo a nota, o progresso alcançado foi fruto de um teste inteligente que combinou tentativa e erro, além da solução de um mistério que direcionou a equipe para um único chip.

Solucionando problemas 

Após identificar o problema, a equipe da missão tentou enviar comandos para reiniciar o sistema de computador e investigar a causa do defeito. No dia 1º de março, a equipe enviou um comando chamado “poke” para a Voyager 1, para induzir o sistema de dados de voo a executar diferentes sequências de software e identificar a origem da falha.

Dois dias depois, a equipe notou uma atividade incomum em uma parte específica do sistema de dados de voo. Embora o sinal não correspondesse ao formato habitual quando o sistema de dados de voo está operando normalmente, um engenheiro da Rede do Espaço Profundo da NASA conseguiu decodificá-lo.

Após uma análise aprofundada, a equipe identificou a causa do problema: 3% da memória do sistema de dados de voo estava corrompida. Um chip responsável por armazenar parte dessa memória apresentava mau funcionamento. 

Como não havia possibilidade de consertar do chip defeituoso, a equipe decidiu mover o código para outra parte da memória do sistema. Embora não tenham encontrado um local grande o suficiente para armazenar todo o código de uma vez, eles conseguiram dividir em seções e distribuí-lo em diferentes pontos no sistema de dados de voo.

Após determinar o código necessário para organizar os dados de engenharia da Voyager 1, os engenheiros enviaram um sinal de rádio para a sonda instruindo-a a armazenar o código em uma nova localização na memória do sistema no dia 18 de abril.

Considerando a vasta distância entre a Voyager 1 e a Terra, leva aproximadamente 22 horas para que um sinal de rádio alcance a sonda e outras 22 horas para que o sinal de resposta da espaçonave chegue de volta à Terra.

Assim, no dia 20 de abril, a equipe recebeu a confirmação da Voyager 1 de que a modificação inteligente do código fora bem-sucedida, permitindo que eles voltassem a receber dados de engenharia legíveis da sonda.

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